quarta-feira, 1 de março de 2000

A "Casa de Sergipe" (4): historiografia e identidade na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (1913/1929)

Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (Capítulo 4, conclusão e referências)
Sobre a produção e circulação do periódico
O título “Revista do Instituto Histórico e Geographico de Sergipe” foi instituído oficialmente em 27/08/1912 com a publicação dos Estatutos do IHGS. A produção de um periódico que divulgasse as "atas, os nomes dos sócios, discursos e trabalhos litterarios” era um dos fins da entidade. Inicialmente a Revista foi programada para circular trimensalmente, periodicidade que não chegou a ser respeitada para além do primeiro ano. Em 1916 já surgia como fascículo único e no ano seguinte uma determinação estatutária a transformou em veículo de circulação anual [14/02/1917].[1] Esse compromisso com a periodicidade desapareceu nos Estatutos de 1949, supressão que vigora até os dias atuais.[2] A capa e a folha de rosto da publicação continuaram porém [pelo menos até o n.º 14 editado em 1929] apresentando o título “Revista Trimensal do Instituto Histórico e Geographico de Sergipe[3]. A anualidade não foi mantida por problemas diversos entre os quais o financiamento dos serviços gráficos e a reestruturação administrativa do IHGS, resultando em grandes hiatos entre 1930 e 1938, 1966 e1978. As lacunas também estabeleceram-se sobre períodos mais curtos onde a produção de alguns anos foi condensada em um só número: 1921/1925; 1926/1927; 1941/1942; 1945/1948; 1949/1951; 1955/1958; 1962/1965; 1979/1982; 1983/1985; 1988/1989; 1990/1992.
Apesar dos percalços, o veículo do IHGS tem se apresentado o mais longevo. No período 1912/1992 circularam 27 volumes distribuídos em 31 números, incluindo-se as 5 edições especiais: a de 1917 dedicada ao Presidente Inácio Barbosa, fundador da capital Aracaju; o de 1920 em homenagem ao Centenário da Emancipação do Estado de Sergipe; a de 1934, consagrada ao Centenário de Tobias Barreto; 1960, dedicada a vários literatos de Sergipe nascidos 100 anos antes; e o de 1992 dedicado aos 80 anos de fundação do Instituto. A longevidade da Revista do IHGS não implicou, porém, modificações substanciais quanto à formatação. Do primeiro ao mais recente número conservou o formato 22,5 x 15,5 e as páginas sempre a 1 coluna. A quantidade de páginas variou entre aproximadamente 120 e 400 pois os números das revistas incluíram 1, 2, 3, ou 4 fascículos trimestrais e, em alguns casos, a matéria de vários anos.
Os únicos testemunhos colhidos sobre a tiragem indicam uma média de 300 exemplares, do número 1 ao 8; 200 (menor tiragem) para o número 9; [4] 400 para os números 15 a 18; e 500 (maior tiragem) para o número 25.[5] O que se deduz que eram suficientes para a distribuição entre os sócios, a permuta com os demais Institutos do Brasil e agremiações congêneres, e ainda para uma reserva visando eventuais permutas[6]. Sobre a venda de exemplares nada colhi. Epifânio Dória informou, porém, de que a produção dos números de 1 a 9 ou seja de 1913 a 1920 fora custeada pelo Governo do Estado. A partir dessa data, incomodados com as dificuldades de fazer valer a lei que determinava a impressão da Revista na Imprensa Oficial do Estado, o presidente Amintas Jorge e o próprio Dória contrataram os serviços da tipografia de A Cruzada (número 10, publicado em 1925) e o estabelecimento de José Lins de Carvalho (números 11, 12, 13 e 14, publicados em 1926/1929). Todos estes localizavam-se em Aracaju.[7]
A redação da Revista, mesmo em relação apenas ao período em análise (1912/1929), ficou a cargo de vários grupos. O primeiro número, que cuidou em grande parte de anunciar a fundação do Instituto, não apresentou os organizadores. Os números 2, 3, 4 e 5 foram redigidos por um grupo de sócios em sua maioria membros das comissões permanentes. Compunham o corpo de redatores: Armindo Guaraná, Barreto Neto, Oliveira Teles, Prado Sampaio e Pedro Sotero de Machado[8]. Para os números 6 e 7 foram mantidos os nomes de Prado Sampaio e Oliveira Teles sendo acrescentados João Menezes, Costa Filho e Deodato Maia. Com a reforma estatutária de 04/02/1917 instituiu-se a “Comissão da Revista”. Libério Souza Monteiro, Álvaro Fontes da Silva e Antonio Batista Bitencourt redigiram os números 8 e 9; Nobre de Lacerda, Cláudio Gans e Epifânio Dória o 10 e 11; Ascendino Argolo, Nicanor Nunes e Pedro Sotero de Machado 12 e 13; e João Passos Cabral, Maria Rita e Pires Wynne o número 14. Em 1949, a Comissão da Revista deixou de existir. As suas tarefas parecem ter sido absorvidas pela Comissão de Divulgação. Entre as atribuições desta, foram mantidas a missão de "colligir e escolher matéria" para a publicação mas a expressão "Revista" foi omitida, situação inalterada nos estatutos atualmente em vigor.[9]
Dos autores, textos e temáticas
Nem sempre quem trabalhou como redator escreveu para o periódico. E foram muitos os casos. Mas certamente, alguns dos organizadores da Revista despontaram como seus mais ativos contribuintes. Prado Sampaio foi exemplo disso. Em um conjunto de 41 autores e 105 trabalhos, ele foi o que mais publicou no periódico (16 trabalhos), seguido por Costa Filho (10), Lima Júnior (7), Oliveira Teles e Elias Montalvão (6), Armindo Guaraná e Manoel Caldas Barreto (5). Constata-se, então, que esse grupo, já bastante citado nos capítulos anteriores, foi responsável por mais de 50% de todos os trabalhos assinados da Revista.[10]
O espaço do veículo também limitou a participação de forasteiros. Ficaram fora, por exemplo, os textos de Brás do Amaral e as duas conferências do "cientista" austríaco Ludwig Schwenhagem. Foram, sobretudo, os sergipanos, sócios e residentes no Estado, que tiveram textos publicados (sócios fundadores como Prado Sampaio e Oliveira Teles que sairiam de cena na década de 1930 e membros que trabalhariam até os idos de 1970 como Epifânio Dória e Pires Wynne). É de se estranhar, porém, a exígua participação de Florentino Menezes de quem se editou apenas o discurso pronunciado durante a fundação do IHGS. Autodidata com leituras diversas em geografia, história, psicologia, sociologia e matemática, estudante de medicina em faculdades da Bahia e Rio de Janeiro, Florentino Menezes foi o pioneiro da sociologia produzindo 14 livros e mais de 190 artigos jornalísticos no período 1911/1959 em Aracaju. As razões da sua ausência na Revista ainda permanecem no âmbito das hipóteses. Uma dessas seria o caráter militante da sua forma de praticar ciência. Florentino tentou depurar o pensamento dos sociólogos estrangeiros e incorporou à sua teoria alguns temas e problemas conflitantes com a estrutura oligárquica local. Pregou a luta de classes, a revolução armada, a destruição do capitalismo e a militância socialista como instrumentos adequados à construção de uma nova realidade.
A segunda hipótese, que à primeira vista poderia parecer ingênua, está relacionada a sua forma de pensar os lugares de produção da ciência. Diplomaticamente, (ironicamente ou não), Florentino concebia o Instituto como um "templo" (em sua versão positivista): templo da ciência, "onde os ânimos são calmos, as paixões desaparecem" onde os ódios dão lugar "à expressão poderosa do pensamento e à ação livre e moralizadora de justiça."[11] Como seus textos tematizavam questões contemporâneas de forte apelo revolucionário e que exigiam respostas imediatas, a Revista não seria um eficiente instrumento de veiculação.
O conteúdo da Revista foi distribuído em forma padrão: elementos pré-textuais (folhas de rosto, listagem dos membros da diretoria e comissões permanentes; textuais (memórias, artigos, discursos, etc.); e pós-textuais (transcrição de atas do Conselho da Província, do IHGS, listagem dos sócios e sumário). Em número de peças despontaram as transcrições, listagens e discursos, mas quando examinados o espaço ocupado em número de páginas fica claro que os redatores deram muita ênfase à divulgação das memórias e conferências produzidas para o Instituto. Minoritários foram os poemas e o necrológio do tipo clássico (dissertando sobre as glórias do falecido). Foi também através do critério do espaço ocupado que pude constatar uma ligeira predominância dos trabalhos relativos à atividade-meio sobre os de atividade-fim. Essa distinção pode parecer anacrônica mas ela própria já estava prescrita nos primeiros anúncios sobre a função da Revista: por um lado divulgar as atas, discursos (o expediente do IHGS), por outro, publicar os "trabalhos literários referentes aos fins do Instituto". Assim, a partir da análise de conteúdo não foi difícil constatar que 52% do espaço do periódico foram destinados às reportagens sobre as cerimônias, o retrato de autoridades do executivo, intelectuais e diretoria, relatórios, correspondência e discursos de recepção aos sócios e visitantes ilustres, enquanto que os 48% restantes divulgaram conferências, biografias, "memórias", a maior parte do artigos e os "documentos inéditos".
Também através dessa classificação (atividade-meio/atividade-fim), abrir-se-ia a possibilidade de destrinçar o conteúdo da Revista e prosseguir a análise submetendo-os ao conhecido grupo conceitual história/memória. Em tese, todo conteúdo da Revista é memória (construto/registro monumental do passado sergipano e da vivência da instituição), mas em caráter operatório e ciente de que a Revista continha, além de função memorialística (acadêmica), uma função científica (instituição de disciplinas), seria possível separar as duas "condições" (memória e história) a fim de melhor compreender a contribuição, o modo particular de escrita histórica adotado/permitido pelos historiadores do período. Por essa estratégia, os tipos de trabalho publicados estariam relacionados aos dois conceitos da seguinte forma: memória – fotografia, brasão, ata, correspondência, listagem, notícia de jornal; historiografia – artigos de fundo, biografias, “memórias.”
Apesar de atraente, essa proposta apresenta alguns problemas metodológicos de difícil resolução. As classificações por forma (artigo, notícia), problemática e conteúdo (IHGS, história de Sergipe), recorte temporal (presente imediato, período colonial) etc. são inconciliáveis e não se justapõem. Depois, as próprias características da escritura acadêmica viciariam a análise sobre a tensão básica pela qual se debate a ciência histórica desde o momento em que resolveu torna-se "científica": o caráter pessoal, absoluto, sagrado da memória versus a contingência, o constrangimento e a relatividade que marcam a atitude historiográfica. Aliado a esses dois entraves, tem-se ainda a questão da fecundidade de sentidos e possibilidades oferecidos pelo conceito "memória" ao estudo do produto da Revista do IHGS: memória como "estoque" para a construção de um passado comum? Como base de registros sobre o passado? Como forma de conhecer o passado? Como lembrança, atitude individual dos presidentes do Instituto?
Para o exame da Revista, diluí as considerações sobre a tensão memória/história (como o fiz desde os capítulos anteriores) nos comentários acerca dos fins propostos pelos sócios tanto para a instituição quanto para a Revista (atividade meio/atividade fim). Não me detive demoradamente sobre a atividade meio já que, sob esse aspecto, o produto da revista é espelho das "práticas" analisadas no segundo capítulo. Aqui basta caracterizar os tipos dominantes que ocuparam 52% do espaço da revista como: discursos de posse, agradecimento ou recepção aos novos sócios e visitantes; discursos e conferências proferidos durante a ereção de bustos ou em comemoração às datas cívicas estabelecidas pela República (o 14 de julho, 13 de maio, 7 de setembro etc.); informes sobre o andamento dos trabalhos, esclarecimentos sobre a publicação da Revista; listagens de membros da diretoria e de comissões de trabalho, de donativos recebidos, dos sócios ativos e falecidos; elogios aos intelectuais, aos governantes do executivo nacional; correspondência entre sócios, reportagens sobre festividades promovidas pela casa; retratos; estatutos e transcrições sobre leis que beneficiaram o Instituto. A tônica desse material foi basicamente informativa. A missão era manter os sócios atualizados sobre as novas conquistas e tarefas do Instituto. O objetivo era também evidenciar a relevância social da instituição, propagandear o prestígio adquirido junto às esferas dominantes no poder político-econômico através de ações de civismo e patriotismo. Firmar um rito acadêmico e cimentar uma memória institucional através do auto-elogio e da promoção dos seus principais dirigentes foi, talvez, o principal legado desse tipo de trabalho.[12]
A respeito da atividade fim, extraí os elementos que considerei mais significativos para efeito de análise: as contribuições heurísticas, de cunho geográfico e historiográfico. Os textos foram buscados em sua quase totalidade nas chamadas "memórias", nos artigos de fundo, biografias e transcrições. Como principal critério de seleção, válido para a geografia e para a historiografia, considerei a expressão da "identidade" do autor (historiador ou do geógrafo) e da obra (de cunho geográfico ou historiográfico) utilizando valores contemporâneos aos textos analisados. Parte desses valores sustentou-se na própria atitude de produzir e se auto-anunciar como aspirante às citadas formas de conhecimento (intenção). A outra esteve relacionada às características atribuídas pelos intelectuais e instituições do período e aqueles que poderiam aproximar-se e até utilizar-se da rubrica de historiador e geógrafo (reconhecimento).[13]
Seguindo essa tipologia, constatei que as contribuições geográfica, heurística e historiográfica expressas na Revista não são de maneira alguma eqüitativas. A historiografia ocupa aproximadamente 21%, a recolha de fontes 16% enquanto para a abordagem geográfica são destinados apenas 11%. As formas de conhecer também não geraram grupos ou mesmo um especialista. Os autores transitaram entre as várias formas de conhecimento e, salvo raríssimas exceções, pertenceram aos quadros do IHGS, sobretudo, ao seleto grupo de intelectuais que movimentou as lides literárias do Estado dentro e fora do Instituto. Vejamos então os traços dominantes dessa produção a começar pela forma mais breve e abundante: a recolha de fontes para a história do Estado.
A contribuição heurística
Como já afirmamos, o IHGS foi fundado com uma preocupação heurística:[14] "verificar, coligir, arquivar e publicar os documentos, memórias e crônicas relativas às datas históricas, à distribuição geográfica, às curiosidades arqueológicas, ao folclore, à etnografia e línguas dos indígenas e tudo que possa concorrer para a História do Brasil e especialmente de Sergipe."[15] Apesar das mudanças estatutárias ocorridas em 1917, transformando a instituição de sociedade erudita em agência de civismo, a tarefa de formar um "estoque" de fontes sobre a história do Estado até foi ampliada. Criou-se, inclusive, uma Comissão de "Manuscritos e Autógrafos". Todavia, em relação à publicação, o resultado dessa "caça aos documentos" representa muito pouco, haja vista o reduzido espaço da Revista efetivamente ocupado com os materiais imprescindíveis à escritura da história local.
Assim, a publicação de fontes aparenta estar em descompasso com as notícias sobre a recepção de manuscritos e o crescimentos expressivo do arquivo da instituição. A não ser que se estivesse aguardando condições para publicá-los em separado, a explicação para a exígua parcela divulgada no periódico pode estar no filtro imposto pelas sucessivas comissões de redação da revista e, mais ainda, nos critérios vigentes sobre o que deveria ou não ser objeto de lembrança fundamental por parte dos futuros historiadores. Independentemente da existência ou não desse filtro, dois tipos de documentos foram privilegiados na Revista: atas e legislação (do executivo e legislativo) e as crônicas. As Atas do Conselho de Governo da Província foram publicadas ininterruptamente até o n.º 14 da Revista e constituiram uma sessão estável intitulada "Documentos Inéditos". As transcrições contemplaram os anos de 1824 a 1831 e eram fornecidas pelo diretor da Biblioteca Pública do Estado (também sócio efetivo do IHGS), Epifânio da Fonseca Dória. Na primeira edição o transcritor confessa o valor das atas iniciais: "Lavrada de próprio punho de A. Pereira Rebouças, mais tarde do conselho de S. M. I., e sendo de uma época em que a província estava em começo da sua vida autônoma, a aludida ata não pode deixar de ser um documento de alto valor."[16] E realmente tratava-se de material valoroso para o conhecimento da experiência local, principalmente em suas instâncias superiores de decisão. As atas fornecem informações variadas sobre a criação de vilas e freguesias, abastecimento, segurança, eleições, receita e despesa, limites entre Sergipe e Bahia. Também informam sobre terras indígenas, tentativas de insurreição escrava, ciganos, revolução republicana, ensino para os pobres, migração estrangeira, conflitos entre lavradores e agricultores, comércio local, algumas dessas temáticas até hoje insuficientemente exploradas.
Dos "documentos valiosos" foram publicados: Decreto assinado por D. João VI em 8 de julho de 1820, tornando a capitania de Sergipe d'El-Rey independente da capitania da Bahia; relatório do presidente da província Inácio Joaquim Barbosa, pronunciado na Assembléia Legislativa Provincial em abril de 1854, informando sobre os trabalhos realizados pela administração pública; ato do ouvidor-geral, estabelecendo os limites entre a freguesia de Santo Antonio do Urubu de Baixo e Vila Nova; testamentos dos 2º e 3º presidentes da Província, José Vicente da Fonseca e Manoel Clemente Cavalcante de Albuquerque (falecidos respectivamente em 1830 e 1826); Carta régia e portaria de Dom Joan de Alencastro (13/07/1696) sobre a criação de ouvidorias em Sergipe e na Bahia.
Além das provas corregedoras da historiografia sergipana, ao Instituto interessava também a história in statu nascendi, a narrativa conjuntural, descritiva, limitada a uma missão.[17] Por isso, publicou três importantes trabalhos. O primeiro foi a "Informação sobre a Província de Sergipe", relato feito pelo secretário José Antônio Fernandes para o presidente Carlos Cesar Burlamaque, informando sobre limites, população, divisão judiciária, divisão religiosa, finanças, produtos extrativos e agropecuários, forças militares, problemas com prédios públicos, situação das barras, e cobrança de impostos da Capitania de Sergipe.[18] O segundo foi a transcrição de dois capítulos do Novo Orbe Seráfico Brasileiro...(1761) do frei Antônio de Santa Maria Jaboatam: "Da capitania de Sergipe Del-Rey" e "Princípio, e progressos do convento da Cidade de Sergipe Del-Rey até o presente".[19] Texto breve, apenas nove páginas, informava sobre a conquista de Sergipe, fundação e transferência de São Cristóvão, fundação e ocupantes do convento de Sergipe. O livro do frei Jaboatam fora, inclusive, abonado por Felisbelo Freire em sua História de Sergipe.
De maior significado, foi a reedição do trabalho do proprietário rural e político liberal José Antônio da Silva Travassos (1804/1872). Os "Apontamentos históricos e topográficos sobre a Província de Sergipe" informam sobre a geografia e história de Sergipe, enfatizando os aspectos políticos, jurídicos, religiosos e as realizações administrativas de cada governo entre os anos 1590 e 1859. O texto foi oferecido ao Imperador Pedro II como contribuição à ausência de informações topográficas sobre Sergipe e de cartas sobre o território e hidrografia da Província. Era também intenção de Travassos corrigir as descrições que os diferentes "tratados de geografia" haviam fornecido anteriormente. O seu trabalho seria então "mais exato, devido, não só ao conhecimento e inspeção ocular, como ao exame de documentos particulares, e oficiais existentes nos cartórios mais antigos, e nos mais antigos arquivos das Municipalidades da Província."[20] Escrito em 1860, o texto fora publicado inicialmente em 1875 por João José do Monte, neto do autor. Os apontamentos permanecem ainda como referência fundamental para os estudos históricos já que representam o primeiro grande esforço de síntese da historiografia sergipana pós autonomia. Entretanto, para Calazans, a parte referente ao período colonial "contém alguns equívocos como, por exemplo, a afirmação de que os holandeses edificaram, em S. Cristóvão, a igreja matriz, os conventos do Carmo e São Francisco, bem como a igreja e a casa da Misericórdia, acrescentando que no frontispício da matriz achavam-se as armas dos holandeses, raspadas por ocasião da independência do Brasil".[21] Outra deficiência do texto, apontada por Calazans e pelos historiadores que o têm consultado, é a falta de referências sobre as fontes utilizadas, principalmente, no que diz respeito ao período anterior à conquista, aos nomes, domínios e destinos dos grupos e chefes indígenas dos primeiros habitantes do lugar.
A contribuição geográfica
A rigor não se pode falar em abordagem geográfica ou historiográfica no final do século XIX como áreas específicas do conhecimento. Primeiro porque as duas disciplinas no Brasil não haviam alcançado a "cidadania acadêmica" (universitária). Tanto a história quanto a geografia estavam ancoradas em (não tão simples) categorias como tempo/espaço, homem/natureza. Isso sem esquecer que na "árvore do conhecimento" as duas disciplinas (em sua versão moderna) possuíam origens paradigmáticas comuns remontando à Alemanha e à figura de E. Kant. Com a invasão do ideário evolucionista e a busca pelo status científico, geografia e história mesclaram-se ainda mais haja vista o estabelecimento de relações causais entre o meio físico e a transformação das sociedades. Evidências dessas trocas podem ser encontradas tanto em obras de síntese da historiografia sergipana, História de Sergipe e Álbum de Sergipe quanto em clássicos gerais, como Capítulos de história colonial de Capistrano de Abreu e Os sertões de Euclides da Cunha. Resguardando-se as diferenças teórico-metodológicas, todas as citadas contemplam descrições geológicas e de relevo nos seus capítulos iniciais.
A geografia no Instituto foi matéria estatutária e anunciada igualitariamente nos discursos de fundação da casa. Entretanto, a geografia, a abordagem de cunho confessadamente geográfico, foi produto minoritário na Revista. Dos 14 números analisados apenas 11 trabalhos puderam ser classificados como tal.[22] Mas a geografia possuía seus leitores aplicados no IHGS como Florentino Menezes e Costa Filho. Movidos por interesse político e por uma necessidade profissional, esses e outros autores mantiveram-se atualizados com a matéria produzida em nível nacional, principalmente trabalhos veiculados em congressos específicos. Sabemos, por exemplo, que a participação do IHGS nesses eventos iniciou-se ainda em 1914 no I Congresso de História Nacional (Rio de Janeiro, 7-16/09/1914). Nesse certame, Costa Filho apresentou "memória" onde a serra de Itabaiana era o personagem central. Cenário de grandes acontecimentos, a então "mais elevada das eminências do território sergipano" deveria ocupar, segundo o autor, um capítulo inteiro de uma possível "história completa" do Estado.[23]
O Segundo congresso de História Nacional demorou 16 anos para ocorrer (e está fora do nosso recorte cronológico), mas essa lacuna não significou desenlace dos membros do IHGS com a "comunidade científica nacional" (acadêmicos, legisladores, alto escalão dos executivos federal e estadual). Os congressos de geografia ocorridos entre 1915 e 1922 tiveram efetiva participação do Instituto, inclusive, através da apresentação de monografias. Esses congressos reuniam personalidades de renome tanto das instituições ligadas à geografia quanto à história, como: José Artur Boiteaux, Barão do Rio Branco, Marquês de Paranaguá, Teodoro Sampaio, Barão Homem de Melo, entre outros. Nesses encontros, Institutos históricos, Sociedades e Comissões de geografia discutiam e aprovavam trabalhos de pesquisa e relato de atividades que depois eram repassados aos governos como sugestões para o desenvolvimento de políticas específicas (saneamento, exploração mineral, educação etc.).
Em congressos de geografia, a participação efetiva do IHGS iniciou-se em Recife, (1915). Prado Sampaio bem que tentou, mas a representação do Instituto no 4º Congresso ficou a cargo dos sócios honorários Abdias Oliveira e Artur da Silva Rego. Isso não impediu que Sampaio tivesse aprovado, no mesmo evento, o trabalho "Geografia social sergipana". No quinto, coube a Costa Filho, por indicação do presidente do grêmio, Barreto Neto, a representação do IHGS com a memória "A geografia e a guerra".[24] Outros quatro sergipanos também estiveram nesse congresso em Salvador. Ítala Silva de Oliveira com o trabalho – "Necessidade do ensino de Geografia"; Helvécio de Andrade – "Do ensino da geografia: regras e nomenclatura"; Armindo Guaraná – "Glossário etimológico dos nomes da língua Tupi na geografia de Sergipe"; e Florentino Menezes – "A influência dos fatores geográficos na formação da sociedade brasileira". Inexplicavelmente, o representante oficial do IHGS omitiu a participação de Guaraná, Andrade e Florentino Menezes em suas "Reminiscências e impressões do 5º Congresso Brasileiro de Geografia".[25] Tratou Costa filho de informar da boa acolhida do seu trabalho e da memória da professora Ítala, além de ressaltar a defesa heróica dos interesses sergipanos (limites territoriais) feita por José Rodrigues da Costa Dória frente à monografia de Brás do Amaral – "Município do Patrocínio do Coité.
No sexto congresso (Belo Horizonte, 1919) novamente Costa Filho foi escolhido representante oficial do IHGS apresentando sua "Geografia militar: uma necessidade entre nós". Sua participação parece ter sido ofuscada pela memória de Ivo do Prado (também sócio do Instituto) sobre os limites Sergipe-Bahia.[26] O general foi encarregado pelo Governo do Estado de produzir pesquisa que esclarecesse, por fim, os direitos territoriais de Sergipe e apresentá-la no Congresso de Belo Horizonte: principal foro para dirimir pendências sobre limites territoriais, envolvendo vários Estados da Federação. O depoimento de Ivo do Prado deu mostras da importância política desse tipo de evento ao lamentar a manobra dos representantes baianos, impedindo a correta apreciação da sua monografia.
[No Congresso de Geografia] venceram os diplomatas, pondo abaixo de uma vez, o ideal que nos chamou. É, pelo menos, o que significa a deliberação tomada a 5 de agosto, segundo a qual não era permitido o estudo, no plenário, de questões inerentes a limites.
Aprovada esta medida nunca mais se levantou o congresso. Foi um golpe mortal. Ficou estabelecido que os Estados fariam, amorosamente, seus acordos, ...(sic) sem os bons ofícios de terceiros. Ora, tais e bons ofícios vinham ser, precisamente, aquilo que de novo, original e útil, o Congresso nos traria; [27]
As últimas notas sobre a participação do Instituto nesse tipo de evento aparentam um certo refluxo da instituição. O 7º Congresso (Paraíba, 1922) contou com a presença do Desembargador Gonçalo de Aguiar Menezes, nomeado por Pereira Lobo para representar o grêmio. Não há informes sobre monografias. Em 1925 o Instituto também foi convidado a participar do Congresso Internacional de História e Geografia da América (Buenos Aires, 1925).[28]
Os desdobramentos desse intercâmbio são um dos muitos pontos de estudo à espera de geógrafos e historiadores contemporâneos comprometidos com o ofício de suas respectivas áreas. Por enquanto, pode-se afirmar apenas que o vívido interesse pelos congressos não parece ter contaminado a rotina do Instituto, mais ainda: não se refletiu no grosso dos trabalhos publicados em sua Revista.[29] Nem mesmo as monografias do representante oficial foram veiculadas. No periódico, foram dignos de nota, apenas, os trabalhos dos bacharéis em Direito Antônio Manoel de Carvalho Neto, Prado Sampaio, Armindo Guaraná, Elias Montalvão e do General Aníbal Amorim. O primeiro autor publicou um longo artigo intitulado "Pela História: Um trecho de Sergipe ocidental".[30] Não foi trabalho produzido diretamente para o IHGS. Sua entrada na casa, logo ocupando a função de orador, apenas ocorreu em 1919. O trabalho foi escrito entre agosto e outubro de 1912 [31] e previa uma segunda parte: "uma súmula sobre o caráter das gentes dessas bandas, temperamento, aptidões, religião e sentimentos, etc.",[32] infelizmente, não publicada na Revista. Carvalho Neto parecia conhecer muito bem a região analisada. Era filho e neto de destacados proprietários rurais da região que abrangia Simão Dias e Patrocínio do Coité. Além da descrição metódica da região em seus aspectos hidrográficos, orográficos, espeleológicos e geológicos o autor soube entremear classificações técnicas com ligeiras notações sobre o modo de vida do habitante local: bebida, habitação, crença, e diversões. Também denunciou práticas agrícolas contraproducentes e o perigo oferecido ao próprio homem pela contínua devastação da fauna e da flora do lugar.
A grande questão perseguida pelo bacharel Prado Sampaio foi talvez a única preocupação durante a sua permanência no IHGS, a unidade "etno-meso-psicológica" do povo sergipano. A afirmação da identidade local e a delimitação de suas fases formadoras foram motivos principais do artigo intitulado "Etno-psicologia e geografia social sergipana". Nesse trabalho, Prado Sampaio se propôs a explicar o processo que levou o povo sergipano a diferenciar-se dos demais da nação, bem como apontar-lhes os traços homogêneos. A despeito da inspiração antropogeográfica (as relações homem/natureza, a história como drama e o meio como cenário), e do anúncio do método filogenético (Haeckel), Prado Sampaio não deu mostras de domínio teórico e da adequação da metodologia anunciada às questões e evidências locais. Certamente, queixou-se da ausência de estudos antropológicos e sobre a craneologia do "tipo sergipano". Queixou-se também da insuficiência de trabalhos sobre o povoamento do território, mas esses problemas não atenuam deficiências do texto que são inerentes à sua própria forma de escrever. Alonga-se demasiadamente nas revisões de literatura, no esforço de relacionar o geral ao particular; utiliza-se do conhecimento de terceiros sobre temas de livre acesso até então; e a mais nociva dessas deficiências, anuncia várias vezes a sua tese e pouco se esforça para comprová-la.
Em síntese, a argumentação sobre a existência da identidade sergipana ancorou-se basicamente nas informações de John Branner – Geologia cretácea e terciária da bacia do Brasil – e no diálogo com as teses sobre o povoamento de Sergipe expostas em Sergipenses, do confrade Manuel dos Passos de Oliveira Teles. Para Sampaio, o povo sergipano era incontestavelmente "diferente" do ponto de vista do “fusionamento” da população nacional. Esta especificidade foi explicada a partir das diferentes condições de sua formação geográfica e etnológica. As cidades, por exemplo, desenvolveram-se sob a influência dos rios e da fertilidade do solo e apesar das barreiras impostas pelo meio físico – secas, problemas com os portos –, da falta de apoio do poder central, ainda assim, a indústria encontrava-se em estágio promissor. O povo sergipano era também homogêneo sob o ponto de vista étnico e isto poderia ser comprovado, segundo o autor, até pela unicidade da língua, pois o evento da imigração estrangeira no Estado foi quase insignificante. Numa palavra, “o povo sergipano foi, até o ano de publicação do artigo (1914), um produto do seu próprio esforço”.[33]
Em 1919, a reafirmação da identidade sergipana foi subsidiada também pela tentativa de retomar o território detido pela Bahia. Prado Sampaio, que já havia argumentado sobre a unidade étnica, psicológica, procurava, no momento, contribuir com a causa patriótica, fornecendo um argumento que fizesse frente às manobras dos baianos na referida questão. A contribuição de Prado Sampaio foi o reforço do critério da posse da terra baseado no direito de quem a coloniza. O direito do vencedor sobre o vencido, como pregava o autor em relação à questão dos limites, fora buscado no imperialismo romano, no colonialismo português e na ação dos bandeirantes. As provas desse direito partiam da interpretação de Sampaio sobre a narrativa dos historiadores locais (Travassos e Freire) e na descrição geológica do Estado efetuada por Branner. A argumentação sobre a legitimidade do preito sergipano poderia ser comprovada tanto com uma argumentação científica quanto por um apelo de cunho afetivo. Primeiro, Sampaio afirmou que a expansão territorial de Sergipe sobre as terras em litígio foi promovida sobre condicionantes geológicos (a busca das minas de prata e salitre por Belchior Dias Morea), geográficos (os entraves impostos pelas serras, rios e sertões) e étnicos (o perfeito fusionamento das raças formadoras do povo sergipano: portuguesa, negra e indígena). Em relação ao apelo afetivo, lamentava o autor a infelicidade do Estado de Sergipe que já possuía um povo, mas carecia de território, logo esse Estado que tanto defendera a integridade do solo nacional (iniciando a expulsão dos holandeses, posicionando-se contrário aos ideais revolucionários de 1817, deixando mártires na Guerra do Paraguai e ajudando a povoar extensas regiões do país como Amazonas e Acre).[34]
A exemplo de Instituições como a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, o IHGS ocupou-se na resolução de dúvidas sobre nome de rios e marcos de fronteiras, auxiliando ao Governo do Estado nessas importantes tarefas. Alguns desses esforços foram registrados na Revista por Armindo Guaraná. Seu "Glossário etimológico de termos tupis" que nomeava rios, lagoas, riachos, morros, serras, ilhas, aldeias, sítios, fazendas, engenhos, povoados, vilas e cidades de Sergipe é um trabalho de erudição organizado em 1886 e, na verdade, uma das raras incursões dos sócios do IHGS pela etnografia local. Esse trabalho havia sido ampliado em 1914 e trazia a chancela legitimadora do Visconde de Beaurepaire e do conhecido geógrafo Teodoro Sampaio.[35]
Já a contribuição de Elias Montalvão veio inicialmente através do brevíssimo artigo sobre o rio Real. O autor esclareceu as razões do nome "real", informou sobre acontecimentos decisivos para a história do Brasil ocorridos nas suas proximidades e descreveu nascentes, cursos, dimensões, afluentes e condições de navegabilidade do referido rio.[36] Em 1926, o mesmo autor foi convocado pelo então presidente do Instituto, o Almirante Amintas Jorge, para esclarecer qual o verdadeiro nome do rio que banhava a capital Aracaju. Montalvão respondeu prontamente à tarefa empenhada e informou através de breve "memória" apresentada em 12/09/1925 que tratava-se do rio Sergipe e não o do Cotinguiba, como até então se tinha considerado. Os critérios que fundamentavam a afirmação incluíam a análise da extensão, profundidade e volume dos dois rios. A memória de Elias Montalvão foi apreciada pelos sócios Claudio Gans, Clodomir Silva e Manuel dos Passos de Oliveira Teles. Os pareceres desses dois últimos, publicados na Revista, foram favoráveis à tese de Montalvão e reforçaram os critérios utilizados. Clodomir Silva foi um pouco mais extenso, revisando crônicas do período colonial e efetuando estudo etimológico sobre os citados acidentes geográficos.[37] Depois dos pareceres e do aval das Comissões de História e Geografia, a memória foi enviada ao legislativo e subsidiou a Lei n.º 931 sancionada em 10/11/1925 que estabeleceu a denominação de rio Sergipe ao rio que banha Aracaju.
Deve-se registrar que, apesar do apelo científico, ainda havia espaço no instituto para viajantes e suas descrições apaixonadas. Esse foi o caso do General Aníbal Amorim que através de conferência proferida no IHGS em 21/02/1929, narrou sua viagem de Maceió a Paulo Afonso ocorrida entre [01 e 08/02/1929].[38] Desta, descreveu principalmente a Cachoeira de Paulo Afonso, a fauna, a flora, o relevo e a povoações do Baixo São Francisco. Uma descrição assistemática cujo objeto oscilava de acordo com a ênfase de sua impressão e as condições de observação. Aqui a flora, o drama da seca, ali, o patrimônio edificado, o empreendedorismo de Delmiro Gouveia, o vigor das águas da Cachoeira etc. Vigorou o prazer da aventura, o espírito de explorador. O General Amorim reafirmou o discurso do aproveitamento dos recursos do São Francisco em benefício da nação. Encerrou o trabalho com uma mensagem otimista acerca do papel do Brasil perante as demais nações, privilegiado que fôra pela quantidade e variedade de recursos naturais à sua disposição.
* * *
Como vimos, no âmbito das abordagens relacionadas, não se procurou definir geografia. Mas para os que ensaiaram conceituações (Prado Sampaio e Oliveira Teles), história e geografia estariam intimamente ligadas e ambas eram interpretadas através da metáfora do teatro: a geografia é a história considerada do seu ponto de vista estático enquanto a história seria a geografia do seu ponto de vista dinâmico. Concepção colhida, principalmente, em Ihering com forte inspiração ratzeliana. Ambos os autores encararam essa forma de conhecer como uma ciência à moderna. Em Sampaio está claro que a partir do estudo conjunto do solo e do povo (que nele fez seu habitat) seria efetivado projeto monístico de ciência. Projeto diretamente filiado à "ciência natural" de Haeckel, o mais adequado ao estudo dos "fatos sociais", segundo Sampaio. Teles é bem mais preciso quando afirma que a geografia "é uma história que não narra nem discursivamente expõe acontecimentos, porém descreve as paisagens, as situações, os acidentes e formas do teatro, as cenas onde eles ocorrem."[39] É a mais antiga e a mais científica de todas as ciências, afirmou o autor. Envolve conhecimentos vários da astronomia à sociologia; política, comércio, indústria, agricultura, religião e arte.
Os métodos dessa ciência geográfica variaram da observação assistemática direta, passando pela descrição minuciosa, da classificação de acidentes geográficos até à tentativa de interpretação da relação homem/meio físico. Isso implicou também na pluralidade do seu objeto: a configuração geológica local, a superfície terrestre e os elementos a esta relacionados (relevo, hidrografia, flora e fauna) e a relação homem/natureza. Portanto, foi majoritariamente uma ciência descritiva (excetuando-se as iniciativas de Prado Sampaio) e, como tal, fundou-se principalmente na bibliografia autorizada sobre geologia, mineralogia no Brasil de J. C. Branner, Ch. Hart, E. Liais, O. Derby, Ch. A. White[40] e nos trabalhos historiográficos de F. Freire, J. Travassos, Oliveira Teles. Partindo desses instrumentos e fontes, o fazer geográfico foi motivado, sobretudo, pela correção de fatos (nomes de rios), busca de provas que auxiliassem na luta pela restituição do território e consolidassem uma identidade sergipana. Procurou-se também imprimir maior reconhecimento ao território, estudando áreas inexploradas pelas incursões geológicas estrangeiras do século XIX. Nesse sentido, trabalhou Carvalho Neto, interessado que estava na exploração econômica de recursos naturais. O conhecimento sobre o "sertão" (região oriental do Estado) proposto pelo autor era também motivado por problemas críticos do período como a seca e a degradação ambiental, provocada pelo próprio habitante do lugar.
A partir dessas constatações pode-se afirmar então que a tentativa de implantação do projeto cientificista reforçou a ligação entre a geografia e a história. Esse fato condicionou a produção local veiculada pelo periódico e ocasionou importantes desdobramentos. Primeiro, ele obstacularizou a discussão sobre as especificidades das duas áreas do conhecimento bem como as melhores formas de produzi-la em termos de ciência. Assim, o conhecimento geográfico terminou, sobretudo, voltado para o ensino secundário (pode-se notar através dos títulos das comunicações apresentadas nos congressos). Os trabalhos de pesquisa, apesar de pragmáticos, estavam apenas principiando e tinham caráter voluntarista. A efetivação de uma ciência geográfica sob moldes projetados sofreu com a carência de laboratórios e de fontes. O repositório de dados sobre o local era insuficiente. Havia-se estacionado e resumido ao produto dos estrangeiros no Estado. A ciência moderna era tipicamente generalizante e necessitaria desse levantamento sobre o local. Nem mesmo uma descrição geológica integral ou uma carta atualizada havia-se produzido até meados da segunda década desse século. Um outro entrave à efetivação desse projeto estava na própria formação dos sócios do Instituto. Já foi explicitado que raríssimos foram os casos de intelectuais com passagens pelas escolas politécnicas (onde se ensinava geologia, mineralogia etc.). Assim, quando não esteve a cargo de militares o conhecimento geográfico foi dominado por bacharéis em direito e medicina, formações até então distanciadas desse saber específico.
Apesar da quebra de expectativas, pode-se afirmar que o produto da Revista foi representativo acerca do "estado da arte" no período. Não estava temática ou metodologicamente muito aquém ou além do que se produziu paralelamente ou antes da fundação do Instituto. Fora do grêmio, os trabalhos de cunho geográfico voltaram-se fortemenente para a questão de limites entre Sergipe e Bahia, envolvendo número considerável de sócios e futuros sócios: Ávila Lima, Antônio Carmelo, Elias Montalvão, Ivo do Prado, João Pereira Barreto, João de Matos Freire de Carvalho, Prado Sampaio, e Manoel dos Passos de Oliveira Teles. A abordagem geográfica também foi a tônica de estudos médicos (Helvécio de Andrade, 1909) e sociológicos (Florentino Menezes, 1912 e, talvez devam ser assim classificados alguns trabalhos de Prado Sampaio publicados em 1907, 1909, 1913 e 1915). Os trabalhos didáticos, inaugurados no final do século XIX com as corografias de Laudelino Freire (1897) e Silva Lisboa (1898) tiveram continuidade com Meu Sergipe: ensino de história e corografia de Sergipe (1916) e História e corografia de Maruim (1921) de Elias Montalvão. Também não destoaram do produto da Revista as traduções, resenhas e comentários sobre a pesquisa geológica e a corografia do Estado (Laudelino Freire, 1899 e Oliveira Teles, 1899 e 1903). O que se poderia classificar como desvio relevante foi a ausência do calor da polêmica e a inexistência da crítica aos trabalhos lançados. Essa atividade ficou por conta dos periódicos diários de grande circulação.
Ao encerrar essa análise, é preciso tecer algumas considerações sobre o que foi, talvez, a única, tentativa de efetivar um projeto cientificista de caráter interpretativo para a geografia, encetado por Prado Sampaio. Não se quer aqui ingenuamente estabelecer analogias entre os projetos de Ratzel-Bismarck na Alemanha e de Prado Sampaio-Oliveira Valadão (governador do Estado) em Sergipe, mesmo porque o próprio Ratzel, como bem coloca Moraes[41], não pode ser considerado um ideólogo direto das teses de Bismarck e em Sergipe não se sabe ainda de onde partiu a iniciativa de revolver a questão dos limites nos anos iniciais do IHGS. Se em nível do instituído a comparação não rende frutos, no plano das idéias ela é perfeitamente oportuna. Em seus textos, Prado Sampaio costumava transpor as estratégias de estudo do nacional para o local (Sergipe) e estas, apropriadas do projeto ratzeliano, podem ser percebidas tanto no recorte do objeto quanto na forma de abordá-lo. A instituição de uma nova ciência é uma das primeiras “contribuições” do naturalista alemão para o estudo do processo civilizatório do povo sergipano bem como da comprovação da sua autonomia. Sampaio comunga com Ratzel a mesma idéia sobre a história e a geografia. O ofício do historiador não é somente o estudo dos fatos e a geografia não é só a descrição do meio físico. Os fatos precisam de um teatro - espaço, território - para se desenvolverem e a descrição de qualquer recorte geográfico depende do conhecimento das diversas transformações sofridas pelo mesmo, ou seja, do conhecimento do passado. “Ao sopro demolidor e reconstrutor das sciencias naturaes”,[42] o IHGS conjuga as duas disciplinas, que isoladas pouco produzem, incorporando o objeto - as relações entre as condições naturais e os homens - e a função da ciência antropogeográfica.
A idéia de território desenvolvida por Ratzel é também privilegiada por Prado Sampaio. Não há sociedade sem território - “teatro dos dramas humanos” - fonte de riquezas vitais. O território pode influenciar na formação “dos heróis destinados a sacudir o mundo e talvez mudar as condições geográficas de alguns povos”. Um povo que se pretende autônomo deve, portanto, não só consolidar o território mas também expandi-lo, pois a “aquisição de novas terras exerce no povo uma influência emancipatória, impelindo-o a novo trabalho e o incitando a concepções mais amplas.”[43] São estas proposições que, apesar de não citadas literalmente nos textos da Revista, fundamentam “cientificamente” a luta pela recuperação de quase quatro “quintos” do território apreendido pela Bahia.
A sociedade como um corpo constituído por órgãos vitais presente nos textos de Comte a Ratzel fundamenta o estudo de Prado Sampaio acerca do povo sergipano. Sociedades e territórios também evoluem, ou seja, “vivem sofrem, progridem e envelhecem” [44] e este processo evolutivo é tenso. Neste ponto Prado Sampaio denuncia uma outra estratégia ratzeliana: a idéia de conflito entre os órgãos. A naturalidade dos conflitos entre Estados de uma determinada aliança de países (pregada por Ratzel) encontra-se na explicação de Sampaio sobre a tensão entre o Estado brasileiro e uma das suas unidades federativas, a tensão exteriorizada entre a política centralizadora da Colônia à República e o desejo de autonomia política de Sergipe.
Em resumo, a importância do território e a concepção orgânica de sociedade, a ênfase na posse e expansão do primeiro para a manutenção do segundo, provocando uma tensão natural entre as partes do todo, levam à inevitável comparação com a teoria da história utilizada por Ratzel. Mas é importante frisar que essa apropriação do projeto ratzeliano não se dá por completo. Ela está marcada por “esquecimentos” e adaptações. A mais importante destas relaciona-se ao objeto central da antropogeografia: as relações entre as condições naturais e o homem, a importância dos elementos estáticos (“que influenciam sobre o caráter ou as condições físicas”) e as influências mecânicas (as condições geográficas e as migrações, formação de Estados, possibilidades de expansão e a riqueza de produtos naturais). Embora o autor alemão despreze os primeiros relegando-os às análises da fisiologia e psicologia, Sampaio os situava sob o mesmo patamar e atribuía à fusão dos dois grupos de influências (as estáticas e as dinâmicas) o poder de explicar os problemas e as perspectivas de progresso, às possibilidades civilizatórias de Sergipe.[45]
Dentre os “esquecimentos” mais notáveis cometidos por Prado Sampaio, aponto os comentários de Ratzel acerca da quase impossibilidade de civilização nos trópicos e a superioridade da raça branco-caucasiana.[46] Para alguém como Prado Sampaio que acreditava na força do mestiço brasileiro e em uma independência intelectual cultivada em solos íngremes do sertão, teoria e prática do pensamento germânico em solo sergipano parecem notas dissonantes.
Um outro “esquecimento” importante diz respeito à noção de propriedade, à discussão genérica sobre o território. Diz Ratzel, e com ele concorda Sampaio, que “a sociedade mais simples só pode ser concebida com o território que lhe pertence” (…) e ainda, “um povo decai quando sofre perdas territoriais”. Estes são pressupostos fundamentais que justificam a luta renhida pelo território sergipano apropriado pela Bahia. Mas Sampaio não comenta os efeitos da distribuição interna deste mesmo território. Para Ratzel uma “repartição uniforme produz uma sociedade uniforme, inclinada à democracia” enquanto que “uma repartição desigual gera uma estratificação social que permite aos mais favorecidos a maior influência no Estado, ou seja, uma espécie de oligarquia.”[47] Em suma, conquistar para quem, é a pergunta que ficou sem resposta nos textos de Prado Sampaio.
A contribuição historiográfica - biografias
Em 1931, final do período em análise, portanto, João Ribeiro afirmava que estávamos em maré de biografias.” Devia-se, essa moda, à repercussão que os livros de Murois e Emidio Ludwig e outros, vindos do exterior, havia despertado no Brasil o movimento pela esquecida história dos homens ilustres.” [48] Esse esquecimento, superado na década de 1930, talvez estivesse relacionado ao declínio da prática na Revista do IHGB. O veículo que chegou a publicar 115 trabalhos no período 1840/1890 praticamente extinguiu a biografia a partir dos primeiros anos desse século.[49] Justamente no período em que decai no IHGB, a biografia ganha fôlego na casa recém-criada.
Foram em sua maioria produzidas pelos sócios mais ativos do IHGS como Costa Filho, Lima Júnior e Armindo Guaraná. As exceções ficaram por conta da autobiografia de José Pinto de Carvalho e da biografia de João Dantas Martins dos Reis. É de se estranhar os motivos que levaram à publicação do trabalho sobre José Pinto de Carvalho, português, residente em Sergipe, que mobilizou forças locais para a derrubada do 1º presidente eleito desse Estado, Carlos Cesar Burlamaque. Esse acontecimento é considerado até hoje uma das mais lamentáveis tentativas de recolonização baiana do território sergipano. O segundo, a biografia de João Dantas dos Reis, é uma transcrição do livro, até então inédito, Genealogia da família Dantas. E mais, denota a intenção de rebater afirmações de Tobias Barreto sobre a vida do biografado. O autor, João Dantas Martins dos Reis (trineto do ofendido), além de ressaltar as virtudes públicas (políticas e militares), apresenta documentos desmentindo a idéia de que o seu trisavô teria participado do julgamento e arremate das propriedades de um santo, o Santo Antônio das Queimadas.
Não há padrão quanto às formas de apresentação das biografias. Os trabalhos sobre Homero de Oliveira (de Caldas Barreto), Sebastião Gaspar de Almeida Boto, Joaquim Martins Fontes, José Teixeira da Mata Bacelar, Manoel Joaquim de Oliveira Campos (por Hermenegildo Leão), e Tobias Barreto (por Costa Filho) não ultrapassam a forma de sinopse biográfica, ordenando cronologicamente, cargos, títulos e trajetória pública dos homenageados (na política, no magistério, na magistratura, no Direito, literatura e nas ciências)[50]. Já em "Silvio Romero: o crítico"[51], Prado Sampaio sumaria o conjunto da obra informando a importância desse autor como precursor do "naturalismo crítico" e da crítica literária científica no Brasil. No trabalho foram enfatizadas, principalmente, a orientação teórica, as temáticas e as questões levantadas por Silvio Romero, resultando, o artigo, em duas fases temático/cronológicas: a que discute o "sentimento de autonomia intelectual da nação" e a que estuda o "Brasil sob o ponto de vista social".
Armindo Guaraná produziu trabalho de conjunto, enfocando vida e obra de Antônio Muniz de Souza (1782/1857) desde a infância em Campos do Rio Real (atual Tobias Barreto) até a morte e subúrbio de Niterói/RJ.[52] A excepcional "intelectualidade" para o período e o meio em que viveu, as virtudes morais, a luta contra o despotismo, elementos de sua "configuração psicológica" que revelam o biografado como próximo a Tobias Barreto, foram os determinantes para transformá-lo em tema. Em vários momentos do texto, Guaraná estabelece relações entre a vida do biografado e os contemporâneos deste (o caráter violento da vida sergipana no início do século XIX, por exemplo). O trabalho foi fruto de antigas pesquisas de Guaraná pelo Rio de Janeiro, onde o autor parece ter seguido os indícios da repercussão do trabalho desse sergipano através de jornais; dos próprios manuscritos que narraram a sua experiência na exploração de minerais e plantas nacionais, e as suas ações como abolicionista e catequista de índios. O cultivo do verdadeiro patriotismo e o empenho em fazer ciência fariam de Antônio Muniz de Souza um exemplo a ser seguido pelos jovens do início desse século. Essa seria a grande função da biografia na opinião de Armindo Guaraná.
Guaraná também pesquisou sobre a vida de Manoel Fernandes da Silveira, fazendo uma síntese de sua atividade como 1º presidente de Sergipe. A esse texto não se pode atribuir um dos maiores vícios da biografia: o de substituir a história política do Estado pelo estudo exclusivo do individual. O biografado quase serviu de pretexto para denunciar o vigor de tendências aristocráticas e militaristas em meados da década de 1920. [53]
O último biografado por Guaraná tem sua vida valorizada pelos dotes físicos e de bravura. José Pereira Filgueiras foi defensor da independência do Brasil e solidário com o movimento Confederação do Equador (24/07/1824). O retratado foi o proclamador da República no Ceará ainda no mesmo ano, regime que sobreviveu de 26 de agosto a 18 de outubro de 1824. Guaraná desmente o padre Theberg, autor de Esboço histórico (sobre a província do Ceará) que afirmou ser o biografado “destituído de inteligência”. A idéia do autor foi principalmente glorificar o bravo sergipano nascido em Santo Amaro das Brotas.[54]
Epifânio Dória não chegou a produzir biografia. Escrevendo sobre Pelino Nobre, conforma-se em rotular o trabalho de "subsídios".[55] Os tais subsídios nada mais são do que a apresentação de testemunhos escritos (de adversários principalmente) sobre a moral ilibada do biografado, sobre as suas principais realizações, sobre a experiência política (nas hostes conservadoras), administrativa e literária, junto aos conceitos sobre ele emitidos pelo próprio Dória: "o Dr. Pelino Nobre teve dois grandes defeitos para os olhos de um egoísta – a grande modéstia que ofuscou-lhe o brilho do talento e um grande desinteresse que só lhe trouxe desilusões e injustiças."[56] É interessante notar o enredamento entre os biografados e os biógrafos. Epifânio Dória biografa o sogro de dois confrades do IHGS: respectivamente os sócios fundadores Francisco Carneiro Nobre de Lacerda e o Desembargador Manoel Caldas Barreto Neto.
Lamentando o pouco rendimento obtido com a pesquisa arquivística, para construir uma biografia a altura de José Inácio Acciavoli de Vasconcelos Brandão, Lima Júnior acabou impressionando-se com a abastança desse personagem sergipano que fez fama principalmente na Bahia. Deste, o autor destaca a sua trajetória como militar.[57] Em “Frei José de Santa Cecília”,[58] Lima Júnior interessou-se em demonstrar o caráter revolucionário e patriótico dos personagens de suas narrativas. Demarcou as polêmicas e os interlocutores do literato e pensador Santa Cecília e, principalmente, justificou o seu comportamento pouco ortodoxo em relação ao sexo e bebidas. Citou trechos do seu sermão, tentando preencher lacuna deixada pelas análises de Silvio Romero sobre a oratória sacra no Brasil. Mais uma vez denunciou a impropriedade da efeméride 24 de outubro de 1820 como a data da chegada da notícia em São Cristóvão da Emancipação política de Sergipe.[59]
Em Costa Filho, o biografado foi escolhido por seu perfil abolicionista, rebelde e liberal. Tratou do professor Antônio Félix da Costa que viveu em Propriá em meados do século XIX, um defensor das causas dos “escravos e dos desvalidos”.[60] Nesse texto, pode-se encontrar um dos raros indícios ou hipóteses de aplicação das teorias cientificistas. Claro que o autor não chegou a estabelecer relação entre as funções intelectuais do biografado e a conformação do seu crânio (dada a brevidade do trabalho). Contudo, a descrição de Félix da Costa como “homem esbelto, de regular estatura, olhos vivaces e pequenos, defeituoso um, nariz comprido e ligeiramente aquilino, crânio braquicéfalo, fronte larga, cabelos castanhos e finos, bigode aloirado e cheio, sempre risonho mostrando uns dentes largos e amarelecidos e sãos”[61] não deve ser ingenuamente encarada como uma tentativa de reproduzir a imagem de um homem que não foi fotografado em vida.
A orientação cientificista foi expressa enfaticamente por Ávila Lima quando tratou de Tobias Barreto. O caráter do crítico sergipano foi descrito à luz da teoria haeckeliana. Um raro momento onde são evocadas as leis de hereditariedade e de adaptação para assinalar as heranças do pai zombeteiro, satírico e inteligentíssimo e da mãe sentimental, demasiadamente afetuosa, resignada e melancólica. Até a própria morte do pensador foi encarada de maneira cientificista.[62] Nesse texto, a inteligência e o trabalho permaneceram como os traços característicos da Sergipanidade. Outra constante repetida foi a defesa intransigente da imagem que os literatos faziam do Estado. A defesa de Sergipe foi feita de maneira ardorosa até mesmo diante de outro sergipano ilustre como João Ribeiro. Uma das poucas explicações fornecidas para o esquecimento do Estado foi apresentada também por Costa Filho: devia-se ao desprestígio das “coisas do espírito”. A ciência e literatura não eram encaradas como atividades relevantes no período monárquico tampouco no início da República. Daí o desfavorecimento dos valores sergipanos.
Nos trabalhos de Costa Filho estavam as evidências de que o individual explica o coletivo. A política é a superposição da vontade de um gênio sobre o todo. Afirmou que nos entornos do período regencial somente duas figuras se sobressaíram pela personalidade e poder de influência: Monsenhor Antônio Fernandes da Silveira e o Comendador Sebastião Gaspar de Almeida Bôto. Os acontecimentos gerados pela “Revolução de Santo Amaro”, por exemplo, são criações de dois grandes líderes (Manoel Joaquim Fernandes de Barros, mentor do movimento, e o próprio Silveira, líder da reação e defesa do Governo). Para Costa Filho, percebia-se quando se lhe estudava a “psicologia político-social”, a profunda e sugestiva influência exercida pelo robusto e ilustre espírito de Silveira[63] sobre a sociedade e administração pública de sua época [assim como em nível geral Feijó teria salvo a nação].
* * *
As biografias reproduzidas pela Revista estavam em concordância com o caráter comemorativo da instituição e os critérios estabelecidos para a escolha dos retratados nas outras atividades memorialísticas (bustos, pinturas): estadistas, políticos, literatos, sábios e artistas. Os políticos superaram os sábios em quantidade de homenagens, apesar do discurso recorrente de que o traço distintivo de Sergipe seria a inteligência (pensadores e literatos). Entretanto, não se pode afirmar que os elogios tenham ligado a “casa de Sergipe” à legitimação dos homens de ação do novo regime. Houve uma espécie de ecumenismo em se tratando do ideário político (liberalismo/conservadorismo) e das formas de atuação nos eventos marcantes para a formação do Estado sergipano.
Por outro lado, procurou-se resgatar algumas histórias de vida para servirem como exemplo à geração nascida após a proclamação da República. Exemplos de bravura antidespótica em favor da liberdade do cidadão e de amor à nação. Exemplos de obstinação pelos estudos, de luta em favor da civilização dos costumes. Timidamente surgiram as primeiras tentativas de mistificar precursores republicanos, abolicionistas e nacionalistas. Os exemplos foram buscados no século XIX e raramente a “psicologia” desses homenageados foi “extraída” através de instrumentos cientificistas. Outra constatação acerca desses trabalhos é que apesar das tentativas de Armindo Guaraná e Lima Júnior em contextualizar as ações narradas, em geral, a experiência de cada biografado findou por iluminar o ambiente que o cercava. Com isso, implicitamente demonstravam que, apesar das tendências gerais (o conservadorismo, o escravismo, o despotismo e violência que caracterizaram o "espírito" de determinadas épocas da história sergipana), havia "uma considerável margem de liberdade" individual. E, ainda, mesmo quando essas tendências despontavam como instituidoras de normas sociais (determinantes históricos), foi necessário um grande gênio para pô-las em execução.[64] Essa forma imperante de biografar mais que denunciar as práticas e idéias vigentes legitimava o modo-padrão de ser e de atuar politicamente dentro da estrutura oligárquica.
A contribuição historiográfica - memórias
Qual enunciado? Das temáticas, problemas enfocados e da função da narrativa
As memórias estão eqüitativamente distribuídas na Revista entre os números 2 e 14. São quinze textos ao todo. O número especial, comemorativo ao Centenário da Emancipação do Estado (08/07/1820) traz uma quantidade bem maior que os demais, pois era intenção dos redatores produzir um fascículo inteiramente constituído por monografias sobre a efeméride contando com a colaboração dos sócios de várias partes do país. O resultado não parece ter sido alcançado. Apenas três artigos ganharam a forma projetada[65]: são os que tratam respectivamente da "história" da medicina, da odontologia e do evangelismo.
Esse último trabalho tem aspecto de relatório: um elenco de nomes datas e locais dispostas em pequenos blocos de texto relativos às cidades-alvo da prática evangélica no Estado. A idéia de Pedro Machado era narrar a trajetória do evangelismo no Brasil e em Sergipe, relacionando as missões, pregadores, templos dos presbiterianos e batistas na capital e no interior do Estado entre 1863 e 1920.[66] O autor foi presbítero e essa condição lhe permitiu trabalhar apenas a partir da sua própria vivência.
Os textos sobre a medicina e a odontologia, produzidos respectivamente por Niceu Dantas e Helvecio de Andrade, representam melhor contribuição para o conhecimento da experiência dos sergipanos. "A cirurgia dentária em Sergipe"[67] forneceu um panorama do exercício da odontologia no período 1820-1920, caracterizando e descrevendo as práticas de cada fase (barbeiros dentistas; ourives profissionais; e fase científica) e relacionando diplomados e “práticos” que atuaram na capital e no interior entre 1890 e 1915. O autor se propôs a fazer "esboço histórico" das práticas de ontem e de hoje, reunindo em competente síntese valiosas informações sobre as técnicas, os profissionais e seu público. Nesse texto, não será difícil ao atento leitor ver-se representado como um paciente no século XIX, sofrendo todas as agruras provocadas pelos rudimentares tratamentos dentários, tal é o realismo com que esses foram descritos. O texto de Helvecio de Andrade, um dos fundadores da Revista Médica de Sergipe, enfocou o exercício da medicina entre os anos 1830 e 1920, tratando dos problemas de formação profissional, das políticas de saúde publica, das epidemias que atingiram o Estado (cólera, varíola, febre amarela, disenteria) e relacionando os vinte e quatro médicos (alopatas, homeopatas) que clinicaram no período.[68]
Os dois autores foram além da reminiscência, da informação de caráter afetivo e descricionista. Ambos, de maneira expressiva, organizaram o passado em relação ao presente e ao futuro. Esse presente era a situação de penúria das "classes laboriosas" e da população de todo o Estado. Niceu Dantas viu em sua narrativa a oportunidade para reivindicar maior ação do Estado na extensão da higiene bucal à população carente. Em Helvecio de Andrade foi flagrante o apelo ao melhoramento da "raça sergipana" já bastante fragilizada em sua saúde.[69] O projeto futuro apontado seria, para esse autor, a introdução de um novo sangue, "um cruzamento, um caldeamento inteligente com outras raças mais vigorosas e ativas, que lhe [trouxessem] orientação mais scientifica da vida, novos habitos, novos costumes." A imigração seria duplamente vantajosa para Sergipe: traria à "nossa lavoura e indústria os conhecimentos práticos e o método que a distinguem e para a nossa estrutura orgânica a seiva nova do esforço inteligente e do sangue robusto e são." [70]
Fora da publicação de caráter comemorativo, os trabalhos tematizaram, principalmente, a historiografia sobre municípios sergipanos: Santo Amaro, Simão Dias, Santa Luzia, Aracaju e Itabaiana. O primeiro teve sua vivência pesquisada por estar atrelado a um movimento conhecido por "Revolução de Santo Amaro": um conflito armado originado por disputas eleitorais entre rapinas (situacionistas) e camondongos (oposição) que resultou principalmente na invasão da cidade do mesmo nome pelo presidente da província e na fuga dos líderes oposicionistas para os Estados da Bahia e Alagoas. Essa foi a interpretação do fato segundo Francisco Antônio Carvalho Lima Júnior que quis marcar no tempo os momentos de luta contra o despotismo e a corrupção.[71] Para esse autor, o evento representou a vitória da democracia, das garantias individuais e assinalou o nascimento de um partido ideologicamente definido, o partido Liberal. A "Revolução" também marcou a estréia e despedida de Felisbelo Freire (1858/1916) na Revista do IHGS. Em 1914, o mais destacado historiador sergipano havia sido agraciado com o título de sócio honorário e sentiu-se na obrigação de fazer jus à honraria colaborando com o periódico.[72] Apesar de produzido em plena maturidade intelectual[73] (1914), esse texto não pode ser colocado entre os melhores da sua lavra. O exame da Revolução de Santo Amaro (movimento desencadeado pela mudança da sede do município para Maruim)[74] assemelha-se a uma longa paráfrase. Das cinqüenta e duas páginas do trabalho, praticamente quarenta e seis são ocupadas por transcrições, cabendo ao historiador apenas a justaposição das peças apresentadas. O abismo entre as duas abordagens sobre o mesmo fato (Revolução de Santo Amaro) ganha amplitude devido à disposição dos textos na Revista. O trabalho de Felisbelo é seguido pelo de Lima Júnior (propositadamente?) o que torna a comparação entre as duas versões inevitável.
Além de Santo Amaro, Lima Júnior voltou seus estudos para os municípios de Itabaiana, sua terra natal e Simão Dias. Da primeira dissertou sobre o povoamento, população, costumes, produção, transporte, sobre a trajetória jurídica, política e religiosa entre 1590 e 1889. Tratou das práticas artísticas, da educação, das epidemias e da passagem de Tobias Barreto pelo município.[75] Quanto à Simão Dias, foram enfocados a ocupação do solo, limites, primeiros donatários e a fundação da cidade. Nesse último texto, recebeu atenção especial a trajetória do vaqueiro que deu nome à sede e ao município.[76] Para Lima Júnior, narrar a história de um município era discorrer sobre as causas do progresso ou atraso econômico/político/demográfico do lugar. Isso não é tão explícito no texto sobre Simão Dias que teve sua experiência intimamente ligada à aventura de um vaqueiro, mas é sobretudo o caso de Itabaiana. Há também nesse autor uma forte preocupação em preservar a memória local (circulante através da oralidade). Em Lima Júnior o registro da "tradição" não somente era importante como fonte histórica sobre o fato contado, mas, principalmente, como testemunho da época em que ele construía a sua narrativa. Era o registro da sua vivência (composto de críticas e tomadas de posição) que também importava imprimir aos textos.
Os últimos trabalhos que tratam de municípios foram produzidos por Manuel dos Passos de Oliveira Teles e Vicente Olino. Para este último, importava exaltar o caráter "industrioso" da população local, a amenidade do clima, a prosperidade econômica e o pendor legalista dos líderes políticos que habitaram o local. Seu texto tratou da "História do Município de Santa Luzia". Uma região conhecida através da literatura historiográfica como possível local das primeiras tentativas de conquista aos indígenas ainda no século XVI e como forte reduto oposicionista às tentativas de emancipação do Estado. O texto de Vicente Olino informa sobre os primeiros colonos e os conflitos com os indígenas, localização, população, produção, finanças, trajetória jurídica, política e administrativa do município no período 1573-1924.
Manuel dos Passos de Oliveira Teles mantinha preocupação de caráter mais geral: a identificação do local da batalha ocorrida entre os índios e o exército de Cristóvão de Barros (01/01/1590),[77] evento que resultou na "conquista de Sergipe". Para esse sancristovense era importante preencher as lacunas deixadas por historiadores como Varnhagem e Frei Vicente do Salvador. Uma dessas indagações pertinentes a Sergipe foi situar a região onde se desenrolou o combate final da referida conquista. Importava também identificar o nome do local, o que Oliveira Teles acabou fazendo[78]. Nesse texto, alguns mitos bastante conhecidos da historiografia brasileira encontram-se encrustados, como o caráter "inteligente" do branco, a "indolência" do índio e a "pusilanimidade" do "negro servil".[79] Em "Aracaju: suas prováveis origens, seu provável futuro", Oliveira Teles empenhou-se nas busca das origens do povo sergipano, embora concordasse que o resultado da pesquisa em nada abalaria o mito das três raças fundadoras do Brasil. Essa ressalva, porém, não o impede de lançar-se a um exercício contrafactual: teriam os franceses um futuro de celebridades, caso assegurassem o domínio sobre o território sergipano? A questão o motiva a levantar duas hipóteses acerca da história de Aracaju: a) a localidade foi inicialmente uma feitoria francesa; [80] b) o seu abandono se deveu ao interesse dos colonos pelas minas e terras para o plantio da cana, encontrados no interior do território sergipano.
Historiar a formação do povo sergipano era também estudar as formas de ocupação e defender o território correspondente. Dessa tarefa se desencumbiu Carvalho Lima Júnior, narrando a trajetória dos conflitos sobre os limites de Sergipe com a Bahia e Alagoas do século XVII ao XX.[81] No texto, mais uma vez, Lima Júnior discordou de Felisbelo Freire quanto aos critérios da posse da terra e afirmou a legitimidade das pretensões sergipanas relativas ao território localizado entre os rios Real e Itapicuru. O empenho na questão de limites (tratada no capítulo anterior) tinha dupla importância para a autonomia do Estado: dependia da posse efetiva da terra a recolha de impostos e a ampliação da área para a agricultura, elementos que estimulariam o desenvolvimento de Sergipe. Por outro lado, a posse também consolidaria um projeto comunitário para essa unidade federada pois reuniria povoações com forte afinidade de sangue, identidade de costumes e tradições familiares que, segundo o autor, seriam as mesmas desde os primeiros colonizadores (sec. XVI) das margens esquerda e direita do rio Real.[82]
O problema dos limites também foi alvo dos trabalhos de Elias do Rosário Montalvão. Membro constante das Comissões de História, Geografia e Manuscritos e autógrafos, Montalvão empenhou-se na apresentação de provas documentais sobre os direitos sergipanos, pesquisando em cartórios de São Cristóvão, Lagarto e Simão Dias, efetivando crítica de erudição, revisando cartas de sesmarias, legislação e correspondência oficial da colônia. Com essa missão, Montalvão desmentiu Brás do Amaral, criticou afirmações dos irmãos Laudelino e Felisbelo Freire e apontou lacunas na principal obra deste último (História de Sergipe) sobre a história político-administrativa do Estado[83]. No mesmo rol entraram os historiadores Handelman e Varnhagem por afirmarem que Sergipe havia sido comarca da Bahia, ao que responde Montalvão nunca ter ocorrido esse fato.[84]
Os textos que não explicitaram a experiência de populações locais ou de grupos profissionais, religiosos foram produzidos por José Maria Moreira Guimarães (1864/?) e Lima Júnior. Esse último também produziu uma “Memória sobre o Poder Legislativo em Sergipe”[85]. Não era como se poderia pensar, um embrião de história política do Estado e sim a publicação de várias notas de pesquisa sobre "temas inéditos" na historiografia sergipana produzidas um ano antes da publicação da História de Sergipe de Felisbelo Freire (1890). No trabalho, Lima Júnior apresentou listagens (dos eleitos, composição das mesas diretoras), transcreveu atas e relacionou temas discutidos durante as sessões do Conselho de Governo (1824/1828), Conselho Geral de Província (1829/1834), e da Assembléia Provincial (1835/1889). A sua preocupação maior foi com a preservação das informações colhidas no arquivo da Assembléia Legislativa de Sergipe. Notas que serviriam como auxílio ao trabalho dos “futuros historiadores”.
O General Moreira Guimarães, Laranjeirense, radicado no Rio de Janeiro há muitos anos, discorreu sobre problemas de ordem epistemológica. Preocupou-se com as várias concepções de ciência histórica e também com os procedimentos a serem seguidos pelo historiador em seu ofício. Moreira Guimarães foi o autor que mais se aprofundou em questões desse gênero. Sua intimidade com o tema e a atualizada leitura de alguns clássicos, provavelmente, advinha do ambiente intelectual, o Rio de Janeiro no período em que produziu o artigo (1925).[86]
O que é "história" ? Da relação entre a narrativa da experiência e a própria experiência humana
Mas finalmente, o que vinha a ser "história" na palavra autorizada de quem escreveu para a Revista? Para o próprio Moreira Guimarães, a "história" era uma espécie de conhecimento configurado não somente no registro de fatos (crônica), mas no estudo e relação dos fatos entre si. Do seu estado dependem a ciência, a arte, a literatura e a religião. Todas essas atividades são explicadas (e se desenvolvem) através do conhecimento histórico. Em contrapartida, a "história", que a tudo explica, de tudo necessita: da geologia, da arqueologia, da antropologia, da economia política e das ciências naturais. [87]
Moreira Guimarães também adiantou as condições de possibilidade dessa espécie de saber. Afirmou que a "história" não se constitui do exame de todos os fatos. Historiar é escolher. Mas o historiador precisaria ser justo e imparcial. Não lhe caberia trabalhar apenas com a psicologia social (revelar a alma dos povos), a fisiologia ou a anatomia da sociedade, mas com as três abordagens em conjunto. O objeto clássico da "história" não poderia ser somente o povo e nem tão pouco o governo. A variedade de condições também se estende às linhas de interpretação dos fatos colhidos. Não se deveria descrever o passado à luz de histórias individuais, do resultado das batalhas, dos caminhos da política e da administração. Os historiadores deveriam levar em conta todos os elementos da formação do povo. No breviário desse autor, a historiografia se encaminharia, enfim, pelos ditames de uma filosofia da história universalista expressa através de leis naturais.
Prado Sampaio não foi tão complacente em relação à pluralidade de "filosofias da história". Em suas falas chegou a expressar o antagonismo existente entre o culto aos "super-homens" e a "história da humanidade" orientada pelas coletividades: "a mecânica social do futuro haverá de repousar sobre o sentimento coletivo, que, ao invés de eliminar-se pelo 'processus' da seleção natural, vai dia a dia, e cada vez mais, crescendo e se avolumando à maré montante das multidões idômitas."[88] A opção pelo coletivo, confessando seu "espírito exclusivamente dado às generalizações", pode ser nitidamente identificada nos títulos dos seus trabalhos e no enfático emprego da expressão "povo sergipano". Mas, além de não se autodenominar historiador (falava em "crítico", ao modelo de Silvio Romero), entra em contradição inúmeras vezes ao considerar como importantes fatores do desenvolvimento de Sergipe alguns personagens ilustres como o General Valadão (governador do Estado) e Inácio Barbosa (presidente da província e fundador de Aracaju).
As proposições de Moreira Guimarães apresentaram-se como um variado panorama das orientações à disposição dos historiadores do início desse século. Contudo, não devem ser entendidas como um espelho do que se processava no Estado já que a vivência do autor foi marcada pelo contato direto com o Rio de Janeiro, centro onde a atividade historiadora estava melhor equipada (intelectuais, instituições associativas e de pesquisa, imprensa fortalecida, financiamento e projeção política). Outro problema enfrentado nessa análise (válido em termos para a produção de Prado Sampaio) é a ausência de textos do mesmo autor na Revista onde se pudesse comparar a efetiva aplicação dos preceitos anunciados. A Revista contempla então o seguinte paradoxo: quem refletiu epistemologicamente não deu mostras de sua virtudes de historiador e aqueles que esboçaram algumas narrativas raramente se aventuraram em tipificar a natureza do conhecimento histórico. Para contornar o paradoxo, a estratégia adotada nessa análise foi comentar em bloco todos os textos citados no tópico anterior. A eleição de um “tipo ideal” epistemológico não seria, nesse caso, excesso de generalização.
A propriedade da ciência histórica em conhecer e descrever o real não foi, em momento algum, contestada pelos autores. Houve sim demasiada precaução quanto à leligitimidade em assumir o rótulo de historiador e de classificar o seu trabalho como de "história". Isso pode ser percebido através do enunciado dos próprios títulos: "esboço histórico", "resumo histórico", "memória", "narração histórica", etc. História e crônica estavam embebidas do mesmo significado. Correspondente tratamento era empregado para identificar o agente do conhecimento. Distante do que afirmou Moreira Guimarães, "historiador" e "cronista" eram utilizados sem distinção. Não há defesa explícita da "história" como ciência, mas não se duvida do seu papel de detentora da verdade. E a "verdade" é a realidade dos fatos. Mas o que buscar no passado?
Como foi mostrado no tópico anterior, o objeto por excelência foi a experiência de grupos humanos, fossem eles circunscritos a uma atividade profissional ou a um município específico. Diminuto foi o interesse (pelo menos a efetivação desse interesse) em resolver questões por caprichos ou manias de erudição (corrigir uma data, um nome etc.). O "epicurismo intelectual", essa "benigna micrologia" pelas quais viviam todas as sociedades sábias e respeitáveis,[89] não vingou nos textos historiográficos do IHGS. O objeto preponderante foi o "povo" do lugar. O povo, a exceção das classes profissionais (médicos, dentistas), geralmente descrito como uma massa liderada por personalidades da política, chefes da Guarda Nacional, juízes, grandes proprietários de terra, enfim, os reais mandatários nos períodos da Colônia e do Império.
Os personagens centrais de cada narrativa denunciam outro traço importante da historiografia do período. O que rege a experiência do “povo” são os vícios e virtudes de cada líder enfocado, é a vontade humana, frequentemente manifestada como ambição pelo poder político, empenho, corrupção, teimosia, preguiça, desleixo. Foram esses predicados que acabaram por determinar períodos de decadência e prosperidade para os locais estudados (e não o inverso). O motor da “história” (salvo a sugestão de melhoramento da raça sergipana pronunciada por Helvecio de Andrade) foi, portanto, de motivação interior: a vontade humana. Como conseqüência, os resultados dessa reflexão sobre o curso da experiência humana (dessa filosofia especulativa) se transferem para a escrita da história marcando tanto o método empregado quanto às estruturas das narrativas.
Como se faz a “história”? Das melhores maneiras de se chegar à verdade
Se para os colaboradores da Revista a realidade configurava-se como um desfilar de paixões e vontades humanas (com exceção de Moreira Guimarães), lógico é afirmar que a verdade histórica não era de forma alguma adquirida através da “revelação” ou por determinações universalistas. Independentemente da concepção teórico-metodológica acerca da ciência histórica e da historiografia (biografia, conjunto de biografias – história local, etc.) e até mesmo no único texto em que o objeto é a prática religiosa, a “verdade histórica” (o conhecimento integral do acontecimento considerado histórico) permaneceu mediada pelas fontes documentais, e, majoritariamente, aquelas vazadas em suporte papel, organizadas em arquivos de caráter oficial.
Para a maioria dos autores vigorou uma espécie de verdade clássica calcada na máxima "vale o que está escrito”. E o escrito foi principalmente a documentação oficial (correspondência, legislação) e a historiografia disponível que tratava do local (basicamente os textos de Felisbelo Freire, Travassos, e Marco Antônio Souza). Para Lima Júnior, entretanto, a verdade ganha um sentido moderno já que outros procedimentos seriam fundamentais: a crítica documental é um exemplo. A comparação entre manuscritos, legislação e historiografia o levou em muitos textos a desautorizar Felisbelo Freire e em pelo menos uma ocasião a considerar o (até hoje desconhecido) professor Joaquim de Oliveira como o maior cronista do século XIX (período em que atuou o próprio Felisbelo).
Em Lima Júnior o documento único podia ser considerado mas não valeria como resposta definitiva. Dever-se-ia recorrer, sempre que possível, ao depoimento de contemporâneos, às fontes conservadas pela “tradição” e até a vivência do próprio historiador com o acontecimento estudado. Mas a fonte que predominou no conjunto dos seus textos (e dos demais historiadores) foi também o documento escrito de caráter oficial. Essa dependência levou os colaboradores da revista a denunciarem o descaso com as fontes arquivísticas e a depositarem nesse tipo de problema as causas do profundo desconhecimento sobre o passado sergipano. Essa denúncia foi geral. A falta de fontes implicava em diminuta produção historiográfica e esta em desconhecimento sobre as ações de heroísmo, de valor cívico e moral; sobre as atividades liberais; sobre os homens de saber e arte; sobre a origem das cidades; sobre a demarcação do espaço territorial do Estado, etc. O próprio Lima Júnior denunciou aquilo que considerava como os maiores crimes contra a historiografia local: o empobrecimento dos arquivos públicos pelos incêndios provocados no período de dominação holandesa, o desleixo dos administradores e os extravios ocorridos ainda no século XIX durante a transferência da Capital.[90]
Além da crítica documental ensaiada por Lima Júnior, merece destaque a específica forma de trabalhar do sócio Oliveira Teles. Para este era importante o exame da toponímia local, o que tornava necessário o estudo exaustivo da língua dos indígenas. Nesse sentido, ao conjunto de fontes eram incorporados os trabalhos de Teodoro Sampaio e qualquer outro interessado nos estudos etnográficos. Aspectos físicos como o relevo e a hidrografia também eram importantes. Oliveira Teles entendia que o acesso ao passado, além de mediado pela existência ou não de fontes documentais, dependia das hipóteses formuladas pelo historiador através do cruzamento de vários tipos de fonte e das conclusões sobre a geografia do local.
Como dispor as verdades em um texto?
Demonstrei que a tônica dos trabalhos historiográficos foi a forma monográfica. O estudo pontual já era considerado uma grande contribuição à historiografia local. Certamente nenhum dos colaboradores desmereceu a relevância da síntese produzida por Felisbelo Freire ainda no final do século XIX (embora tenham-na considerado incompleta). Há notícias, principalmente no Dicionário de Armindo Guaraná, de que o próprio Lima Júnior [e até mesmo Oliveira Teles] possuíam uma “História de Sergipe” em preparo. Até hoje não se tem notícias desses manuscritos. O próprio Instituto, como já afirmei no capítulo anterior, programou-se duas vezes para escrever uma obra de síntese, propostas que ficaram apenas nas atas da casa.
Quando houve a necessidade de periodização, procurou-se seguir a clássica divisão tripartite – colônia, império e república, ou seja, buscou-se enquadrar à experiência sergipana as balizas da formação do Estado brasileiro. Essa prática era ainda mais reforçada pelo fato de Emancipação político-administrativa de Sergipe (1820) ter acontecido em período próximo à Independência do Brasil. Dentro da primeira grande divisão (colônia), o tempo foi marcado ainda pelo período de dominação francesa e holandesa no território da Capitania. O marco inicial dominante foi mesmo 1590, ano da conquista portuguesa e do início de distribuição de sesmarias até às margens do rio São Francisco.
Apesar da ênfase no testemunho oficial, no uso das Cartas de sesmarias, os textos não incorporaram muitas transcrições. Em geral procurou-se enunciar o fato referenciando a fonte. Nesse particular Lima Júnior também deve ser destacado. Seus textos estão repletos de notas de pé de página, esclarecendo o parágrafo e indicando a fonte. A sua escrita é clara, concisa e coerente. As informações são dispostas de maneira equilibrada contendo aqui e ali um resumo, uma conclusão. Esse já não foi o caso de Vicente Olino que justapôs fragmentos nem sempre ligados por afinidade temática. Da mesma forma, como já foi comentado, especificamente na contribuição para a Revista, produzir historiografia para Felisbelo Freire seria ordenar e transcrever evidências provantes. Outra forma não rara de exposição assemelhou-se à defesa de uma determinada tese em recinto forense. Esse foi o caso dos textos de Elias Montalvão.[91] Em geral, tratando agora de todos os autores, não se fez uso dos circunlóquios, da ênfase, do vocabulário rebuscado nos textos historiográficos e isso marca uma importante diferença entre esses e o produto das conferências proferidas no Instituto por muitos dos autores aqui analisados.
* * *
Com essa exposição sintética do produto historiográfico da Revista, apresentei subsídios para responder às primeiras questões, propostas no início desse trabalho, a saber: os pressupostos cientificistas esboçados pelo corpo mais ativo do IHGS foram efetivados em sua experiência institucional? Qual o lugar da tradição cientificista para a concepção de uma escrita da história em Sergipe no início do século XX?
A resposta para ambas as indagações é negativa se considerados como fonte principal os trabalhos historiográficos acima analisados. Primeiro porque o debate, a polêmica, formas comuns de difusão, amadurecimento e teste (à luz da argumentação) praticamente foram banidos do ambiente acadêmico. Ausência essa motivada por várias razões dentre as quais o cultivo da neutralidade teórica e ideológica, uma das características do “templo da ciência” e uma das estratégias para manter relações amistosas com os sucessivos governos locais. Desprovido desse instrumento, o Instituto praticamente estacionou, dependendo das indicações dos seus presidentes e à espera da colaboração espontânea de um ou outro sócio abnegado pelas questões científicas. Ou mesmo, deixou correr à margem o produto mais criativo do pensamento do período e o exemplo marcante desse "desperdício" é a expressiva literatura de Florentino Menezes.
O grau de generalidade da produção dos intelectuais da casa, voltados para todo tipo de literatura e a dispersão do seu tempo entre atividades díspares como a clínica, a magistratura, a política inibiram uma maior especialização em/de determinados saberes incluindo-se nesses a história. Além disso, freqüentes abalos no movimento político partidário, os constantes conflitos de cunho eleitoral, e uma série de movimentos questionadores das práticas oligárquicas durante as décadas de 1910 e 1920 dificultaram o convívio mais duradouro entre alguns intelectuais militantes na mesma seara do conhecimento. Se observadas as trajetórias de três produtores importantes, como Felisbelo Freire, João Ribeiro e Carvalho Lima Júnior, será fácil perceber que nem sempre estiveram no mesmo palanque o que, não raramente, acabou em rupturas com bastante prejuízo para produção coletiva.
Sendo assim, deterministas radicais e leitores confessos do materialismo de Haeckel, por exemplo, refugiaram-se com muito mais freqüência nos discursos ligeiros e nas conferências do que propriamente na produção de monografias. Mesmo uma síntese sobre o passado sergipano, ensaiando interpretação semelhante ou diferenciada da de Felisbelo Freire, sequer foi concluída.
Devem-se considerar ainda as dificuldades dos próprios autores em desenvolverem mecanismos para a aplicação do método das ciências naturais nas ciências humanas e particularmente na ciência histórica (ainda que tenham vislumbrado a possibilidade desta tornar-se ciência ao modo positivo). Os discípulos da geração 70, nas duas décadas do século XX, já estavam órfãos dos mestres-escola de uma possível história científica (Fausto Cardoso, Silvio Romero – por morte ou mudança de rumo teórico). Além disso, haviam-se fixado muito mais nas fases materialistas, não dando prosseguimento ao viés culturalista adotado por Tobias Barreto em seus últimos trabalhos.
As maiores evidências da nulidade do apelo cientificista para a ciência histórica no Estado estão na própria concepção de “história” expressa pelos textos analisados acima. Salvo o trabalho de Helvecio de Andrade e do General Moreira Guimarães, a vertente cientificista desenvolvida na historiografia passou ao largo das “histórias” do Instituto. Juntamente com eles se foram a idéia de experiência humana determinada pelo mecanicismo naturalista ou mesmo pelo eterno transformismo de indivíduos e sociedades. A opção adotada para periodizar a história de Sergipe também expressa essa ausência de reflexão. Nada de determinações geográficas, biológicas ou mesmo ciclos de prosperidade e decadência. Em geral, pouco se acrescentou ao esquematismo político-administrativo estabelecido por Felisbelo Freire em 1891, uma prática que remontava às orientações do IHGB na década de 1840 e ainda hoje recorrente. Quando muito, é o caso de Carvalho Lima Júnior, efetuou-se uma distribuição da matéria segundo temas sobre os quais abundavam as fontes. Mas a maioria seguiu simplesmente uma cronologia estatista sem preocupar-se em caracterizar fases ou interrelacionar períodos distintos.
Em síntese, ao invés do cientificismo, vigoraram alguns elementos daquilo que poderia ser entendido como corrente historicista: idéia de que a experiência humana longe de ser redutível a fórmulas matemáticas era condicionada pela vontade humana e todos os vícios e virtudes advindos dessa compreensão. Daí a ênfase na biografia, na atividade política condicionada pelos sentimentos de ambição, coragem, teimosia etc.; a descoberta do valor do passado, a importância em buscar as raízes da sergipanidade, a necessidade em construir os mitos fundadores de Sergipe e a preocupação em contribuir para a consolidação do Estado nacional brasileiro (partindo da experiência particular).
Certamente não se trata de um historicismo refinado a la Droysen, Dilthey e Simmel; não há enunciado explicito sobre a tarefa de compreender o homem em sua historicidade, sobre o movimento das idéias ou temáticas similares (o que seria o mais disparatado dos anacronismos). Mas não seria absurdo aproximá-los do historicismo daqueles que extraíram da obra de Ranke os principais instrumentos do trabalho do historiador: a primazia das fontes primárias, a crítica documental e a possibilidade de chegar ao real através dos repositórios de documentos textuais. Instrumentos estes, adquiridos através da obra de Varnhagem e dos demais historiadores que lhe seguiram no “árido trabalho em arquivos” como Rocha Pombo e o barão Homem de Melo (ambos visitantes ilustres dos IHGS), como Capistrano de Abreu, João Ribeiro e Felisbelo Freire. Essa guinada em direção à corrente historicista talvez possa ser compreendida muito menos em termos de formação e prática dos intelectuais, insuficiência teórica e inadequação epistemológica que propriamente em relação às limitações impostas por mais uma crise de identidade entre as várias ocorridas nos séculos XIX e XX. Uma crise gerada pelas frustradas expectativas da pátria local em relação ao regime republicano. Não é demasiado ressaltar aqui os problemas acarretados pelas sucessivas interferências do "centro" em relação aos governantes e legisladores de Sergipe. Durante a República Velha a Presidência indicou, impôs, repôs e afastou os governantes locais de acordo com suas conveniências. Alguns desses episódios deixaram marcas indeléveis na população como o afastamento do General José Calazans (1894) e a intervenção federal (1906) que resultou na morte dos mais destacados líderes políticos do Estado, Fausto de Aguiar Cardoso e (como desdobramento) do Monsenhor Olímpio Campos.[92] Alie-se a isso as dúvidas sobre a capacidade do Estado de acompanhar a "modernização" que se avizinhava (tanto em seus aspectos "morais" quanto econômicos) e as consecutivas frustrações em relação à questão de limites com a Bahia e encontrar-se-á, talvez, a motivação para uma crise que forçou a reflexão sobre o (novo) projeto para o Estado de Sergipe. Uma nova identidade manifestada no plano do discurso (principalmente) e fundada no reexame do passado expresso através de uma (nova) historiografia. Historicismo no IHGS significava um mergulho sobre si mesmo, uma busca das raízes, um esforço em descobrir e marcar a "cor local" através de seus próprios teóricos, instrumentos, projetos e preferências.
Conclusão
Bacharéis em medicina e direito, engenheiros, militares, professores, comerciantes e industriais formaram o corpo de intelectuais em Sergipe no período 1910/1930. Esses atores, acomodados sob a proteção de alguns oligarcas ocupavam, em sua maioria, postos na burocracia local se desdobravam na produção literária em variados gêneros e espécies literárias. A movimentação desse grupo restrito concentrava-se na capital, Aracaju, centro político administrativo e financeiro do Estado, vitrine para as mais recentes conquistas urbanas que o Rio de Janeiro e Paris poderiam oferecer: o telefone, luz elétrica, água tratada, bondes, trem, e também, teatro, biblioteca e cinema.
Os intelectuais divergiam quanto ao credo religioso, as formas de praticar a política e as conclusões acerca da "ciência moderna", mas concordavam que as transformações operadas nesses níveis de realidade indicavam novo rítimo a ser vivido. Era a "civilização" que estava prestes a atropelar os sergipanos. Para que o Estado (conquistasse, acompanhasse) se apropriasse desse novo rítimo, era preciso recuperar o tempo perdido. Era necessário instruir operários, alfabetizar trabalhadores rurais, fundar escolas de nível superior, inventar a solidariedade, instituir a benemerência. Para que a vaga civilizatória não passasse ao largo, era importante incentivar a apreciação estética e a reflexão sobre ciência. Esse entendimento estimulou a iniciativa particular (apoiada pelo Estado) na fundação de instituições artísticas, literárias e científicas como os Gabinetes de leitura, as Academias e Horas literárias e o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Este último, instalado em 1912, transformou-se no mais importante centro de debates científicos que se tem notícia durante a primeira República.
Mas o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, apesar de marcado pelas utopias iluministas do IHGB, não poderia seguir os mesmos ditames da matriz carioca. Era um outro "lugar social": republicano e cientificista. Isso implica dizer que o IHGS manteve (em nível discursivo) uma relação se não de confronto pelo menos de crítica em termos de poder central. O discurso era francamente federalista e as suas mais significativas atividades estiveram voltadas para o resgate do espaço territorial sergipano, construção de uma memória e a invenção de uma identidade para Estado. Esse "outro lugar" também foi marcado pela apropriação das teses formuladas pelos conterrâneos ilustres, fundadores da Escola do Recife: Tobias Barreto e Silvio Romero. Uma ciência "moderna" e positiva, baseada na observação, experiência e na indução. Um conhecimento com postulados extraídos da Biologia, sintetizando esquemas nem sempre intercambiáveis como os de Spencer, Haeckel e Ratzel. Essas (in)apropriações, por conseguinte, marcaram os projetos de escrita da história sergipana no período, veiculados em sua Revista.
O resultado desses lugares e interesses foi uma produção dividida entre a atividade memorialística e historiadora propriamente dita. Cerca de 52% do espaço da Revista dedicados à atualização do estoque de lembranças do próprio Instituto e do Estado de Sergipe. Com essa função identitária, o IHGS manteve ligação estreita com o Estado, recebendo subsídios financeiros e garantindo a presidência honorária da Instituição para todos os governadores. De forma efetiva, colaborou na descoberta, preservação e rememoração dos eventos fundadores de Sergipe e participou ativamente do reconhecimento e defesa do território sempre que solicitado. À medida que cumpria tais tarefas, o IHGS acabou por identificar os maiores problemas da sociedade local, como: o desprezo dos sucessivos governos do "centro", a falta de solidariedade, a ignorância e a ausência do espírito de iniciativa. Por fim, as práticas da instituição, configuradas em suas reuniões semanais e nas páginas da Revista forjaram uma "sergipanidade" sintetizada na bravura dos soldados e políticos, na visão progressista de alguns dos governadores do Estado e, sobretudo, na inteligência dos seus laureados poetas e pensadores.
Como produtor de conhecimento, o IHGS dedicou 48% da Revista à escrita de memórias geográficas e historiográficas e para a recolha de fontes sobre a história local. Em função do "lugar social", predominou a caracterização das atas, cartas, decretos, relatórios oficiais, relatos de proprietários, testamentos dos presidentes de província como objetos privilegiados para a heurística fazendo supor que a historiografia produzida pelos historiadores do futuro seria eminentemente centrada nas ações individuais e na atividade política. Para as abordagens geográficas, pouca reflexão conceitual, ênfase na descrição e classificação de acidentes. A intenção era auxiliar o conhecimento do espaço geográfico para melhor defesa e aproveitamento dos seus recursos, com vistas ao desenvolvimento econômico do Estado.
Em termos de historiografia, houve ênfase na produção de biografias de políticos, pensadores e literatos afirmando que o maior produto do menor Estado do Brasil era mesmo a inteligência. Além do elogio, vigorou o estudo monográfico (apesar de programadas, as sínteses não vingaram). As "memórias" predominantes transformaram em objeto histórico a experiência de comunidades municipais e, em menor grau, a de grupos profissionais e religiosos. Os sócios firmaram vícios e virtudes humanas como o motor da história e encararam a verdade clássica como princípio axiomático do historiador. Tais resultados acabaram por contradizer os projetos iniciais do Instituto baseados em uma "ciência moderna" e laica. A opção historicista, mais que uma proposta espistemológica e também metodológica (não teorizada) se impôs como uma necessidade. Era o local que teria que ser exaltado, conhecido e reconhecido. Era uma questão de sobrevivência compreender e divulgar a experiência sergipana a partir das informações geradas no próprio Estado.
Ao mensurar a contribuição da produção historiográfica do Instituto, há também que avaliá-la em relação a um "outro". Esse outro, eleito pelo próprio IHGS, é o que está à margem (ele próprio através da contribuição jornalística dos seus sócios) e o que lhe antecedeu (a História de Sergipe de Felisbelo Freire). Sincronicamente, pode-se concluir que a historiografia produzida à margem do IHGS não diferia em seus aspectos epistemológicos e metodológicos do trabalho veiculado pela Revista. O grau de reciprocidade entre os diversos equipamentos literários (associações literárias, imprensa) e a participação efetiva de membros destacados como Prado Sampaio, Oliveira Teles, Lima Júnior, Elias Montalvão, Epifânio Dória em outros "lugares institucionais", fizeram da Revista do IHGS um mostruário bastante significativo das possibilidades da escritura da geografia e da história e do trabalho heurístico em Sergipe no período 1913/1929. Por outro lado, comparando-se o antes e o depois, pode-se afirmar que a contribuição da "casa" se assentaria em nível de temáticas acrescentadas (o local) e dos corretivos aplicados sobre a obra mestra (História de Sergipe - 1891). Metodologicamente, a historiografia do Instituto significaria um certo recrudescimento da historiografia varnhageneana em seus aspectos biográficos, em sua narrativa de cunho político-administrativo (não em relação à questão nacional "brasileira). O IHGS capitulou nas tentativas de escrever uma história ao modo cientificista, enquanto Freire ainda tentou fazê-la, pelo menos nos primeiros capítulos. Todavia, especificamente para o historiador contemporâneo, a grande contribuição da Revista, em sua primeira fase está justamente no anúncio do projeto identitário gestado na/para as décadas anos 1910/1920 em relação ao ofício do historiador e no repositório de fontes (crônicas e historiografia) sobre o período monárquico e republicano colocados à nossa disposição. E ainda: a demonstração de que a ausência da crítica, do debate, de reflexão sobre o próprio fazer historiográfico e a prática do trabalho atomizado não contribui em nada para o fortalecimento da ciência histórica, apesar de todo avanço nos sistemas de comunicação e informática.
***
Além de ter recuperado as conclusões parciais, espero que a leitura aqui empreendida, a incorporação de alguns recursos técnicos mais recentes à pesquisa e a problematização sobre o ponto de vista teórico-metodológico possam ter contribuído para demonstrar a relevância da história da historiografia tanto para estudo da construção da memória da ciência histórica (e daí a reflexão sobre a possibilidade de novas formas de fazer historiografia) quanto para o inventário das identidades sergipanas (dessacralizando auto-imagens e sugerindo identidades mais próximas de outros segmentos da sociedade).

Para citar este texto:
FREITAS, Itamar. Revista do IHGS. In: A "Casa de Sergipe": historiografia e identidade na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (1913/1929). Rio de Janeiro, 2000. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Rio de Janeiro. http://itamarfo.blogspot.com/2010/10/casa-de-sergipe-historiografia-e_9144.html



Para continuar a leitura:

Capítulo I
A experiência da história da historiografia e os institutos históricos como objeto de estudo   
Capítulo II
Movimento intelectual nas décadas de 1910 e 1920  
Capítulo III
A experiência do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe
Capitulo IV
A Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe 
Conclusão
Fontes
Referências bibliográficas

Fontes[93]
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Para citar este texto:
FREITAS, Itamar. A "Casa de Sergipe": historiografia e identidade na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (1913/1929). Rio de Janeiro, 2000. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Notas


1] Estatutos do IHGS. Revista do IHGS, Aracaju, n.7, p. 125-135, 1917.

[2] Estatutos do IHGS. Aracaju: Imprensa Oficial, 1950. p. 3; Estatutos do IHGS. Diário de Aracaju, 30 abr. 1991.
[3] Houve pequenas variações em 1917/1919 como Revista do IHGS.
[4] Revista do Instituto Histórico e Geográfico, Aracaju, v. 11, n. 16, p. 210, 1926.
[5] Ibid.. v. 16, n. 19, p. 242-243, 1945.
[6] Em 1942 somente o n. 13 estava esgotado. Ibid., v. 11, n. 16, p. 210, 1926.
[7] Epifânio afirmava que conseguir a ordem de impressão da Revista na Tipografia Oficial "era coisa difícil, e se o presidente do sodalício não fôsse pessoa bastante prestigiada junto à situação, o problema era então insolúvel. Havia ainda uma circunstância desanimadora a influir contra a saída normal da Revista, - as preterições na Imprensa Oficial, provavelmente rasoáveis, pois o montante da matéria oficial do Estado havia de ser grande, não admitindo delongas na sua divulgação. Dória, Epifânio. Ritmo normal. Revista do IHGS... v.23, n. 23, p. 3-4, 1959.
[8] Este último só participou dos números 2 e 3.
[9] cf. Estatutos do IHGS... 1950, op. cit. p. 11; Estatutos do IHGS...1991 op. cit. p. 11.
[10] Apenas três trabalhos (excluindo-se as listagens e transcrições) não tiveram seus autores identificados. não assinados: dois discursos e uma sinopse biográfica.
[11] Menezes, Florentino. Discurso pronunciado no IHGS em 30/07/1917. Ver Livro de Atas do IHGS. v.2.
[12] Para uma visão detalhada de todo o conteúdo da Revista ver o anexo I o inventário de todos os duzentos e quatro trabalhos publicados entre os números 1 e 14.
[13] A esse respeito ver: Falcon, Francisco J. C. A identidade do historiador. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 17, p. 7-29, 1996.
[14] Heurística o sentido empregado por Marrou: "caça ao documento". Arte de "conhecer a existência, a natureza, as condições de utilização das diversas categorias de fontes históricas." Marrou, H. I. Do conhecimento histórico. 4 ed. Lisboa: Martins Fontes, [19--]. p. 65-67.
[15] Capítulo primeiro do Estatutos do IHGS (1912).
[16] Documentos inéditos. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 81, 1914.
[17] Para uma diferenciação entre crônica e história aplicada ao século XIX ver Rodrigues, José Honório. História da história do Brasil: historiografia colonial. São Paulo: 2 ed. Companhia Editora Nacional,1979. p. XVII.
[18] Informação sobre a Província de Sergipe. Revista do IHGS, Aracaju, v. 1, n. 1, p. 46-50.
[19] Jaboatam, Antonio de Santa Maria. Novo Orbe Seráfico Brasileiro ou Crônica dos frades menores da Província do Brasil, por frei Antonio de Santa Maria Jaboatam, impressa em Lisbôa em 1761 [capítulos VIII e XIII relativos à Capitania de Sergipe]. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 49-58. 1914.
[20] Travassos, Antônio José da Silva. Apontamentos históricos e topográficos sobre a Província de Sergipe. Revista do IHGS, Aracaju, v. 3, n. 6, p. 84, 1916.
[21] Calazans, José. Introdução ao estudo da historiografia sergipana. In: Aracaju e outros temas... p. 13.
[22] O critério de escolha dos trabalhos foi o mesmo utilizado para a análise de historiografia: a intenção (dos autores) e o reconhecimento (de seus pares).
[23] Costa Filho, Luiz José da. Memória sobre a serra de Itabaiana. Revista do IHGB: Primeiro Congresso de História Nacional, Rio de Janeiro, v. 1, p. 813-818, 1915. (parte 1)
[24] Costa Filho não foi o primeiro sergipano a participar desses certames. Coube a Bernardino José de Souza o privilégio de participar da primeira edição do Congresso Brasileiro de Geografia (Rio de Janeiro, 1909). Nasceu em Vila Cristina (1855) e radicou-se na Bahia após cursar a Faculdade Livre de Direito. Era sócio do IGBA, IHGSP, IHGMG e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Tornou-se professor de geografia e publicou entre outros trabalhos: "Ensino de geografia", "Nomenclatura geográfica", "Leituras Geográficas" (memórias apresentadas no referido congresso) e Corografia do Estado do Piauí (1913). Guaraná, Armindo. Dicionário... p. 48-48.
[25] Costa Filho, Luiz José da. Reminiscência e impressões do 5 º congresso Brasileiro de Geografia. Revista do IHGS, Aracaju, n. 7, p. 113-124, 1917.
[26] Há também registros da indicação do sócio Manuel dos Passos de Oliveira Teles como representante oficial de Sergipe no referido congresso.
[27] Prado, Ivo do. A Capitania de Sergipe e suas ouvidorias: memória sobre a questão de limites (Congresso de Belo Horizonte). Rio de Janeiro: Papelaria Brasil, 1919. p. 440. [Grifos do autor].
[28] Atas do IHGS de 06/02/1921; 06/05/1922; 06/04/1924; e 27/01/1925.
[29] É importante citar que o IHGS aprovou indicação de Luiz José da Costa Filho para interceder junto ao poder "Legislativo e o Executivo deste estado, no sentido de ... estabelecer um curso prático de Geografia Física do Brasil e países limítrofes no quartel do Corpo de Polícia, deste Estado, com caráter obrigatório para os sub-oficiais e praças." Essa iniciativa atendia a um voto aprovado pelo 5º Congresso Brasileiro de Geografia. Revista do IHGS, Aracaju, v. 4, n. 8, p. 338.
[30] Carvalho Neto, Antônio Manuel de. Pela História: um trecho do Sergipe ocidental. Revista do IHGS, Aracaju, v. 8, n.13, p. 13-66, 1929.
[31] Diário da Manhã, Aracaju, 21-29 ago.; 02-09 out. 1912. A preocupação com a seca está no artigo "Sombrias perspectivas." A iminência da seca. Diário da Manhã, Aracaju, 30 jan.- 06 fev. 1913.
[32] Ibid. p. 14.
[33] id., ibid., p. 162.
[34] Sampaio, Joaquim do Prado. Causas da expansão territorial sergipana e seus consectarios jurídico-sociais. Revista do IHGS, Aracaju, v. 4, n. 8, p. 251 e 268, 1919.
[35] Guaraná, Armindo. Glossário etimológico dos nomes da língua Tupi na Geografia do Estado de Sergipe. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n.5, p. 297-326, 1916.
[36] Montalvão, Elias do Rosário. Rio Real. Revista do IHGS, Aracaju, v. 1, n. 2, p. 43-45, 1913.
[37] Montalvão, Elias do Rosário. Qual o rio que banha a cidade. Revista do IHGS, Aracaju, v. 6, n.10, p. 31-35, 1925; Teles, Manuel dos Passos de Oliveira. Parecer n. 1: palavras a propósito da Memória de Elias Montalvão. Revista do IHGS, Aracaju, v. 6, n.10, p. 37-39, 1925; Silva, Clodomir. Parecer n. 2: A Cotinguiba. Revista do IHGS, Aracaju, v. 6, n.10, p. 41-81, 1925; Rio Sergipe. Revista do IHGS, Aracaju, v. 6, n. 11, 1926. p. 9-12;
[38] Amorim, Aníbal. De Penedo á Cachoeira de Paulo Afonso: impressões do baixo São Francisco - o homem e a natureza do Nordeste. Revista do IHGS, Aracaju, v. 9, n.14, p. 7-27, 1929.
[39] Teles, Manoel dos Passos de Oliveira. Discurso. Revista do IHGS, Aracaju, n. 7, p. 70, 1917.
[40] Sobre a atividade desses autores ver: "Ciências geológicas e geográficas" In: Azevedo, Fernando (org.). As ciências no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1994. p. 273-452.
[41] id., ibid., p. 20.
[42] Ratzel, F. Antropogeografia. In: Moraes, Antonio Carlos Robert de. (Org.). Ratzel: Geografia. São Paulo: Ática, 1990. p. 33.
[43] id., ibid., págs. 70 e 81.
[44] id., ibid., p. 100.
[45] É no jogo deste dualismo que se encontram as mais fortes incongruências onde Prado Sampaio oscila entre o relativismo e o determinismo, entre a influência direta dos elementos etnicos e a determinação do meio físico na formulação do povo sergipano.
[46] Moraes, Antonio Carlos Robert de. (Org.). Ratzel: Geografia. São Paulo: Ática, 1990. p. 25.
[47] Ratzel, F. Antropogeografia. In: Moraes, Antonio Carlos Robert de. (Org.). Ratzel: Geografia. São Paulo: Ática, 1990. págs. 73, 74 e 79.
[48] Ribeiro, João. O tigre da abolição. In: Leão, Múcio (org.). Obras de João Ribeiro... p. 262-263.
[49] Ver Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, a. 159, n. 400, p. 905-912, jul./set. 1998.
[50] Barreto Neto, Manoel Caldas. Homero de Oliveira. Revista do IHGS, Aracaju, v. 1, n. 2, p. 79-87, 1913; Monteiro, Libério de Souza & Silva, Alvaro Fontes. Sebastião Gaspar de Almeida Boto. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5, n. 9, p. 75, 1920; Costa Filho, Luiz José da. Dr. Tobias Barreto: retrato. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5, n. 9, p. 140-142, 1920; Leão, Hermenegildo. Manoel Joaquim de Oliveira Campos. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5, n. 9, p. 89-93, 1920.
[51] Sampaio, Prado. Silvio Romero: o crítico. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 4, p. 103-108, 1914.
[52] Guaraná, Armindo. Antônio Muniz de Souza. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 6, p. 167-181, 1916.
[53] Guaraná, Armindo. Manuel Fernandes da Silveira. Revista do IHGS, Aracaju, v. 1, n. 2, p. 37-41, 1913. De modo inverso, um texto intitulado “O Governo de Sergipe”, listou as principais características morais (políticas) do presidente Gracho Cardoso: honestidade, espírito de tolerância e de justiça empreendedorismo, audácia, crença no progresso etc. Foi um dos raros depoimentos tematizando o presente imediato de Sergipe veiculados na Revista (além dos discursos e relatórios institucionais). Presente já anunciado (para o futuro) como um passado glorioso da história administrativa de Sergipe. Ver [s.n.]. Gracho Cardoso. Revista do IHGS, Aracaju, v. 6, n. 10, p. 85-89, 1925.
[54] Guaraná, Armindo. José Pereira Filgueiras. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5, n. 9, p. 59-64, 1920.
[55] Dória, Epifânio. Pelino Nobre. Revista do IHGS, Aracaju, v. 3, n. 6, p. 183-205, 1916.
[56] Ibid. p. 196.
[57] Lima Júnior, Francisco Antônio Carvalho. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 59-63, 1914.
[58] Lima Júnior, Francisco Antônio Carvalho. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5, n. 9, p. 79-87, 1920.
[59] Ibid. p. 80-81. [Texto produzido em 1918].
[60] Costa Filho, Luiz José da. Teotônio Félix da Costa. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 4, p. 153-155, 1914.
[61] Ibid. p. 154.
[62] "Morreu às esmolas o grande sábio e filósofo brasileiro...mas não devemos jamais esquecer, à luz da ciência, que, apesar de trágica, lúgubre, horrível, a morte é uma espécie de santelmo da eternidade e da vida. Ela é apenas uma da infinitas modalidades da matéria, uma transformação da força, que domina os mundos, um novo modo de ser do movimento universal e eterno. (...) Foi-se-lhe o corpo pelos abismos da matéria; foi-se-lhe a matéria pelos abismos do nada. LIMA, [Adolpho] Avila. Psicologia de um super-homem. Revista do IHGS, Aracaju, v. 3, n. 6, p. 232, 1916.
[63] Costa Filho, Luiz José da. O fundador da imprensa sergipana. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5, n. 9, p. 67-68, 1920; Dantas Júnior, J. C. Pinto. Cap. mor d'Antas dos Imperiaes Itapicuru. Revista do IHGS, Aracaju, v. 9, n.14, p. 83-90, 1929.
[64] Ver sobre as conseqüências desses deslocamentos para a epistemologia e metodologia históricas: Meinecke, Friedrich. Leopoldo von Ranke: discurso commemorativo pronunciado el 23 de enero de 1936 en la Academia de Ciencias Prusiana. In: El historicismo y su génesis. México: Fondo de Cultura Económica, 1943. p. 487-511; Levi, Giovani. Usos da biografia... op. cit.
[65] Esse número da Revista foi composta, em sua maior parte, por sinopses da vida política, administrativa, intelectual e religiosa da província, biografias retratos e as costumeiras transcrições.
[66] Machado, Pedro. Um século de evangelismo em Sergipe. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5 n. 9, p. 207-214, 1920.
[67] Dantas, Niceu. A cirurgia dentária em Sergipe em um século. Revista do IHGS, Aracaju, v. 5, n. 9 p. 160-131, 1920.
[68] Andrade, Helvecio Ferreira de. A Medicina em Sergipe durante um século. Revista do IHGS, Aracaju, v.5, n. 9, p. 99-117, 1920.
[69] O meio físico e o clima são também os outros elementos que contribuem, em maior ou menor grau, para essa fragilização. Ibid. p. 100.
[70] Ibid. p. 106.
[71] Lima Júnior. Francisco Antônio Carvalho. Revolução de Santo Amaro: Sergipe - 1836. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 5, p. 251-296, 1916.
[72] Além da honraria como sócio benemérito, Felisbelo viu seu nome intitulando o salão de leitura da Biblioteca Pública, inaugurado em 14 de julho de 1914.
[73] Entre os principais trabalhos de Felisbelo destacam-se: História de Sergipe (1891); História Constitucional da República dos Estados Unidos do Brasil (1894); História da revolta de 6 de setembro (1895); História da Cidade do Rio de Janeiro - 1500/1900 (1899); História Territorial do Brasil (1906). Ver a respeito a tese de doutorado do prof. Francisco José Alves dos Santos já citada nesse trabalho.
[74] Freire, Felisbelo Firmo de Oliveira. A antiga vila de Santo Amaro de Brotas: o seu passado. Revista do IHGS, Aracaju, v.2, n. 5, p. 187-249, 1916.
[75] Lima Júnior. Francisco Antônio Carvalho. Monografia histórica do Município de Itabaiana. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 4, p. 128-149, 1914.
[76] Lima Júnior. Francisco Antônio Carvalho. Município e cidade de Simão Dias: notas históricas. Revista do IHGS, Aracaju, v. 7, n. 12, p. 9-33, 1927.
[77] Teles, Manuel dos Passos de Oliveira. Do campo de uma batalha. Revista do IHGS, Aracaju, v. 6, n. 11, p. 89-92, 1926.
[78] A batalha entre portugueses e indígenas da noite de 01/01/1590 aconteceu na "planura que se extende do logarejo 'Merem' ou 'Mirim' em São Cristovão, ou, querendo encurtar a distancia, do povoado Miranda ao Rio Comprido". Ibid. p. 90.
[79] Ibid. p. 91.
[80] Calazans afirma que Manuel dos Passos teria sido "possivelmente influenciado pelas informações de Gabriel Soares e outros escritores do Brasil Colonial". Entretanto, não descarta a hipótese do bacharel já que "os traficantes de ibirapitanga, em verdade, só deixaram de freqüentar a barra do rio Sergipe, depois que Cristóvão de Barros venceu os índios de Baepeba e fundou... a cidadela de São Cristóvão em 1590". Calazans, José. Aracaju: contribuição...op. cit. p. 55.
[81] Lima Júnior, Francisco Antônio Carvalho. Limites entre Sergipe e Bahia: estudo histórico. Revista do IHGS, Aracaju, v. 1, n. 3, p. 11-48, 1914.
[82] ibid. p. 48.
[83] Felisbelo afirmara que Sergipe fora comarca da Bahia e não soube informar as razões da primeira transferência da Capital São Cristóvão. Sobre a Segunda questão, deficiência apontada também na "monografia sobre São Cristóvão" de Manuel dos Passos de Oliveira Teles (1907), Montalvão responde ser inconveniente o primeiro local para a prática do comércio. A explicação o autor foi buscar no Dicionário Histórico e Geográfico Miliet de Saint Adolphe (Paris, 1845).
[84] Montalvão, Raphael Arcanjo. Bahia-Sergipe: A questão de limites. Revista do IHGS, Aracaju, v. 2, n. 4, p. 115-127, 1914; Pelo direito e pela história de Sergipe. Revista do IHGS, Aracaju, v. 3, n. 6, p. 123-146, 1916.
[85] Lima Júnior, Francisco Antônio Carvalho. Memória sobre o Poder Legislativo em Sergipe (I) – 1824 a 1889: apontamentos para a sua história. Revista do IHGS, Aracaju, v. 4, n. 8, p. 1-176, 1919.
[86] O artigo em foco foi produzido quando o autor já havia sido reformado da atividade militar. Além de ter estudado "matemática e ciências físicas e naturais", medicina, o que lhe dava um certo domínio em áreas distintas do conhecimento, o autor estava envolvido com vários associações voltadas para o estudo da história (IHGB, IHGSP, IHGPB, IHGS, Sociedade Acadêmica de Paris), da Geografia (Rio de Janeiro, Lisboa, Tóquio, Peru) e era sócio fundador do Instituto Varnhagem no Rio de Janeiro. Ver Guaraná, Armindo. Dicionário... p. 176-178.
[87] Guimarães, José Moreira. O que é História? Revista do IHGS, Aracaju, v. 6, n. 10, p. 9-14, 1925.
[88] Sampaio, Joaquim do Prado. Causas da expansão territorial sergipana e seus consectarios jurídico-sociais. Revista do IHGS, Aracaju, v. 4, n. 8, p. 255-256, 1919.
[89] Ribeiro, João. O Barão do Rio Branco. In: Leão, Múcio (org.). Obras de João Ribeiro... p. 61.
[90] Lima Júnior, Francisco Antônio de Carvalho. Memória sobre o Poder Legislativo...p. 74.
[91] O que se explica facilmente dado o texto (Pelo direito e pela história de Sergipe) ser oriundo de uma conferência.
[92] Dantas, Ibarê. O Tenentismo... p. 28-29; Revolução de 1930... p. 21; Oliva, Terezinha. Impasses do federalismo... p. 17-26.
[93] Aqui estão relacionadas todas as fontes consultadas e utilizadas nesses trabalho. Em relação aos periódicos, originais manuscritos e impressos, os números entre barras referem-se às datas limites.

Um comentário:

  1. Muito fã de Sergipe sua história é fabulosa, por esse motivo é que gostaria de saber como se orignalizou o nome de um beiju chamado mal casado, tenho muita curiosidade em saber de onde surgiu esse nome, aguardando resposta obrigada, meu contato é luciapiloto1@hotmail.com

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