domingo, 29 de fevereiro de 2004

Leituras sobre a história de Aracaju: Sebrão sobrinho

Na semana passada, tratei da leitura efetuada por Calazans sobre a história de Aracaju e demonstrei as razões que fizeram como que o jovem professor da Escola Normal fosse considerado “um historiador à moderna”.
Ocorre que essa modernidade, de tonalidade sociológica, foi contestada, ainda nos anos 1940, pelo historiador itabaianense Sebrão Sobrinho (1898/1973). Ele não aceitava um Gilberto Freire como doutrinador da escrita da história. No entanto, “amuletou-se” num literato – Rudyard Kipling – para escrever as suas Laudas da história do Aracaju (Prefeitura Municipal de Aracaju, 1955).
O livro acentua a dimensão do fato político “transferência da capital” e a responsabilidade do indivíduo de espírito elevado no destino dessa cidade. O barão de maruim aparece como o fundador de Aracaju, e a transferência significa, na verdade, um “retorno” da capital a quem de direito lhe pertencia: Aracaju.
Assim, a história nas Laudas começa em 1590 – e não em 1855 – com a ocupação do atual Sergipe, a imediata fundação da capital São Cristóvão em território aracajuano e o início das disputas e “compensações históricas” entre São Cristóvão e Aracaju.
Para Sebrão, a primeira capital foi instalada, provavelmente, na colina de Santo Antônio. A segunda, na colina Pitanga da Pedra. A terceira, no Alto do Uma, que foi incendiada em 1637 e reconstruída após a expulsão dos holandeses, transformando-se, portanto, na quarta cidade. A quinta capital voltou a ser Aracaju, na colina de Santo Antônio – a 16, e não 17 de março de 1855. A sexta foi instalada no Olaria – atual centro da cidade –, em abril desse mesmo ano.
As duas últimas transferências foram explicadas a partir do conflito de interesses entre proprietários do norte – comandados por Rosário do Catete – e do sul da província – Estância, Itaporanga e São Cristóvão. Mas, as causas foram eminentemente partidárias e não econômicas como afirmara Calazans. O líder conservador João Gomes de Melo queria desarticular a base política dos Coelho e Melo e dos Dias, famílias liberais centradas em São Cristóvão.
Nesse ponto, foi claro o recado de Sebrão ao jovem historiador José Calazans: nunca houve “conciliação” em Sergipe porque o barão não a desejou. Inácio Joaquim Barbosa, o presidente, foi apenas um obediente subordinado às ambições do homem mais poderoso de Sergipe. Barbosa a”apenas assumiu o ato”.
Os combates à determinação econômica, todavia, foram desferidos logo após a divulgação da pesquisa de Calazans. “Motivo comercial! Como isso peca por inocente!... A transferência da capital de São Cristóvão assentou-se num ato político mascarado em fins comerciais; mas o seu verdadeiro comércio foi a usura”. A mudança não trouxe prosperidade para a província. E mais: se o comércio e as condições geográficas fossem explicações razoáveis, historicamente, São Paulo, há muito já teria perdido o posto de capital do Estado para a cidade de Santos (cf. Sergipe Jornal, 14 out. 1943).
Enock Santiago (1957) discordou das assertivas de Sebrão, dizendo ter faltado “um aprumo histórico e ético, uma medida de segura apreciação dos acontecimentos.” Bonifácio Fortes (1955) também reclamou tratamento mais respeitoso para a figura de Inácio Barbosa, e Epifânio Dória (1956), metafórico, preferiu identificar a necessidade de publicação das obras do Padre Aurélio de Almeida (editadas desde 2000 pela Prefeitura Municipal de Aracaju).
Ao lado de Sebrão – e do barão – ficaram os jornalistas Zózimo Lima e Elieser Leopoldino de Santana. Este último denunciou o silêncio da imprensa sobre as Laudas e registrou o que se tinha, à época, como boato: “Fala-se à boca pequena que o desinteresse dos críticos está ligado à crença de que o professor Sebrão sobrinho, inteligente com ele é, muito imaginoso, seja capaz de criar flagrantes que, historicamente, nunca existiram.”
A tais acusações, Sebrão respondia: “chamem-me às contas!..l. Não me critiquem à sombra: a tocaia é posição de covardes! Quem alega, prova. E isto é o primordial em quem critica!”.
A segurança de Sebrão provinha do arsenal de documentos cartorários e dos atos e correspondências, de ações do governo e da Câmara de Aracaju – polícia, instrução pública, tesouro etc. –, mantidos sob o seu domínio até a morte.
Foi com esse material que ele pôde ampliar, embora, fragmentariamente, os temas e marcos temporais da história de Aracaju. Sebrão escreveu sobre os sítios anteriores às construções da nova capital, abastecimento de água, iluminação pública, atividades industriais e comerciais, presença da cólera, construção de cadeia, palácio, templos, a atividade religiosa, instrução pública, festejos populares, estradas, cemitérios e hospitais de Aracaju.
Hoje, Laudas da história do Aracaju é um livro raro e de leitura difícil. Mas, vem sendo redescoberto pelos desbravadores da história cultural, para quem Sebrão reserva uma vantagem adicional: grande parte das suas fontes está disponível no Arquivo Público do Estado de Sergipe, no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e em coleções particulares.
A propósito, em Fragmentos de histórias municipais (Instituto Luciano Barreto Júnior, 2003), Vladimir Carvalho editou artigos do início da carreira de Sebrão que também ajudam a compreender a sua leitura sobre a história de Aracaju.
É uma pena que ainda não se tenha ensaiado uma análise de conjunto da obra do “historiador papa-cebola” para sabermos, por exemplo, se, em termos de história de Aracaju, tem maior significado o dedo da Providência agindo por intermédio do barão de maruim ou a idéia de eterno retorno traduzida pelas constantes transferências da capital de Sergipe entre São Cristóvão e Aracaju.

Para citar este texto
FREITAS, Itamar. Leituras sobre a história de Aracaju: Sebrão Sobrinho. A Semana em Foco, Aracaju, p. 6B-6B, 29 fev. 2004.

Este artigo foi publicado no livro Historiografia sergipana.
Para ver sumário desta obra, acesse: < http://itamarfo.blogspot.com/2010/11/historiografia-sergipana.html >.

domingo, 8 de fevereiro de 2004

A República de Curvello de Mendonça

Sergipe republicano e histórico: estudo crítico e histórico é o título da obra de Manoel Curvello de Mendonça (1870/1914). Lançada no clímax da Guerra de Canudos, em 1896, quando a jovem República brasileira passava pelos primeiros testes, frente às tentativas de retorno da monarquia, o livro amplia a compreensão sobre o ethos e a origem do sergipano, mas, sobretudo, “dialoga” com A República em Sergipe (1891), de Balthazar Góis – de fato, um reparo de teses e de método.
Trata das “causas” e “efeitos” do decréscimo da população sergipana, da repercussão das lutas pernambucanas de 1817 e 1824 em Sergipe, da autonomia local em relação à Bahia, das idéias republicanas em Estância, Japaratuba, Itaporanga, Própria e Laranjeiras – com destaques, nesta última, para a ação de Guedes Cabral, Josino de Menezes e Felisbelo Freire e para a influência do ensino de história e do ensino secundário em geral na formação do espírito democrático.
Na obra, a monarquia era um grande mal a ser superado teleologicamente, a Bahia uma “cruel vizinha”, e a República, essa chama que oscila por todo o século XIX, e não apenas há dois anos da Proclamação, como afirmara Balthazar Góis.
No afã da correção – Curvello corrige Góis e mesmo a Felisbelo Freire – comete deslizes. Afirma, por exemplo, que o 24 de outubro de 1820 corresponde à data de nomeação do “magnânimo” Governador Burlamaque, de quem o povo sergipano guardou as tradições [republicanas] de liberdade e de moralidade administrativa. Mas, louve-se o estilo didático empregado.
No que se refere ao método propriamente dito, Curvello preferiu descrever “as idéias e os fatos, com as suas origens, as suas causas, as suas ligações e as suas conseqüências” em lugar do acúmulo “dos nomes sobre nomes de indivíduos”. Numa frase: abandonou “o método de historiar por biografias”, dominante no trabalho do conterrâneo Balthazar Góis. (Curvello, 1986, p. 1-2, 43-44, 163).
Apesar da imparcialidade e a impessoalidade anunciadas, reconhece o laranjeirense que não há como negar o papel do indivíduo nessa história republicana. A ação do farmacêutico Josino Menezes, fundando os jornais Laranjeirense e Republicano é digna de registro, “sem prejuízo da orientação geral” do seu livro. (idem, p. 125).
Curvello também procurou denunciar o “inocente cuidado” dos servidores da monarquia em destruir os documentos relativos à atividade dos republicanos. E quando não há documentos, mesmo os tendenciosos, nada se pode inferir, conclui o historiador. (Cf. p. 95-99).
Do reparo de método segue Curvello ao reparo de tese. O livro foi produzido, especificamente, para rebater a informação de que a propaganda republicana em Sergipe teria se manifestado somente dois anos antes do 15 de novembro de 1889. (Cf. p. 8, 43-44). Como Balthazar não fez pesquisa histórica, “esquecendo-se talvez que nada existe sem antecedentes” – a conjuração mineira, República de Piratini, revoluções pernambucanas –, ele apenas narrou a “última fase do movimento”, referente à ação dos abolicionistas de Laranjeiras. Pode-se dizer que ele teria feito tão somente, a crônica do seu tempo, em torno dos homens de ação.
Mas, releve-se ainda a reprimenda que o Curvello aplica ao trabalho de Balthazar no que diz respeito  ao papel da “classe agrícola” na queda da monarquia, situação conhecida por experiência pessoal e observação direta. Curvello era neto de Manoel Curvello de Mendonça – provavelmente o homem mais rico de Sergipe até o início dos anos 1860. Era filho e sobrinho dos tutores dessa herança – Ricardo e Antônio Curvello de Mendonça –, construída a partir da plantação de cana, produção de açúcar, comércio, e serviços de empréstimo de dinheiro. (Cf. Resende, 2003, p. 89-97).
Foi partindo dessa familiaridade com a classe que o autor do Sergipe republicano desautorizou o ex-professor Balthazar ao afirma que os agricultores não hostilizaram a campanha abolicionista e não abandonaram a monarquia por não terem recebido indenização do governo.
Na verdade, afirma Curvello, grandes proprietários haviam abolido o cativeiro negro muitos anos antes de 1889. Por conseguinte, tentavam implantar o trabalho livre, independentemente das reformas do Estado. O próprio Ricardo Curvello Tentara adotar o assalariamento, enfrentando a escassez de braços, pois ninguém queria sujeitar-se ao trabalho nos engenhos. “Havia uma espécie de repugnância em desempenhar misteres que por toda a parte em redor eram confiados aos escravos.” (Curvello, 1896, p. 60).
Não só o teor progressista da classe agrícola é ressaltado. Também o seu caráter paternal e “benevolente” em relação à escravatura ganha corpo na argumentação de que o professor Balthazar Góis fora injusto com os proprietários rurais. Para Curvello, “os escravos sergipanos passavam uma vida relativamente suave, parecendo mais um prolongamento sui generis da família.” (idem, p. 55). Esse comportamento acompanhava apenas a tônica geral, haja vista que “a escravidão no Brasil não adquiriu o aspecto de ferocidade humana, como sucedeu no seio de outros povos”. (idem, p. 54).
Por esses comentários, portanto, vê-se que O Sergipe republicano de Manuel Curvello é um oportuno depoimento sobre debates de ciência e política. É a escrita da história produzida a partir da perspectiva de um intelectual egresso da família proprietária decadente, que segue de perto a tarefa inaugurada por Felisbelo Freire, de flagrar regularidades e tornar científica a história, fazendo desse saber um instrumento auxiliar na tarefa de refinar os costumes, de civilizar a nação. Merece ser lido pelos interessados na “regeneração” ou na “purificação” dos costumes republicanos, na transição trabalho escravo-trabalho livre e a na construção da memória sobre a escravidão no Brasil.

Para citar este texto
FREITAS, Itamar. A República de Curvello de Mendonça. A Semana em Foco, Aracaju, p. 6B-6B, 08 fev. 2004.

Este artigo foi publicado no livro Historiografia sergipana.
Para ver sumário desta obra, acesse: < http://itamarfo.blogspot.com/2010/11/historiografia-sergipana.html >.

domingo, 1 de fevereiro de 2004

A "guerra" das propedêuticas e o "terremoto" de Lisboa

Maria Thetis Nunes (1923/2009)
Há trinta anos, a Gazeta de Sergipe e o Jornal da Cidade foram palco de um debate entre os professores Maria Thétis Nunes e Acrísio Torres de Araújo. O motivo da disputa? A forma e o conteúdo da escrita da história de Sergipe, certamente!
Tudo começou em 1966, quando o cearense Acrísio Torres de Araújo resolveu quebrar o nosso jejum de livros didáticos, escrevendo uma História de Sergipe para “a mocidade”. Havia cinqüenta anos que não se publicava livro do gênero, desde que Elias Montalvão distribuíra o Meu Sergipe, destinado aos alunos do ensino primário. Lançada a obra, reservadamente, Thétis apontou as imperfeições ao autor, que prometeu corrigi-las numa próxima edição. (Cf. Nunes, GS, 18/05/1973).
Em 1973, Acrísio torna público o seu Sergipe e o Brasil, oferecido aos alunos da 4ª série primária. “Esportiva e educadamente”, Thétis Nunes aponta as fragilidades do novo trabalho: oscilações no estilo (simples/empolado), erro de datação, de titulação, e o estabelecimento de um fato sem a devida base documental – o autor teria registrado que “na passagem de Cabral pelo Brasil, o almirante avistou terras do litoral sergipano”. (Cf. Nunes, GS, 18/05/1973).
Dias depois, a Gazeta de Sergipe e o Jornal da Cidade divulgaram a resposta de Acrísio: “é preciso ter lido com muita má fé ou não ter lido” para denunciar imperfeições estilísticas; é preciso não comparar para ver que a qualidade do livro melhorou bastante entre as edições de 1966 e de 1973. E, mais: a professora Thétis estranhou a afirmação de que Cabral avistou terras de Sergipe. Ora, completa Acrísio, citando H. S. Commager: é bom saber que “história não é só documentação”, é também imaginação. (Cf. Araújo, GS, 22/051973; JC, 22/05/1973).
Em 48 horas, Thétis Nunes volta à cena: “o professor Acrísio respondeu com ironias e sofismas que serviram apenas para evidenciar os erros apontados no [seu] livro”. O que mais alarmou a professora foi a ‘ingênua’ concepção que ele tinha da história: “não é só documentário é também imaginação.” Com essa “romântica concepção [Acrísio Torres] entra em choque com a orientação que o Departamento de história da UFS vem dando aos seus alunos”. Thétis refere-se a um texto de Henri Irinée Marrou, que afirmara há poucos anos: “diferentemente do romancista, o historiador não inventa os fatos mas quer reconstruí-los tais como realmente se passaram. Como materiais, dispõe dos documentos em que algo do passado permanece acessível no seio do presente”. (Cf. Nunes, GS, 24/05/1973).
É possível que motivações várias tenham irrigado essa disputa. Mas, interessa registrar, nesse momento, que o debate sobre a forma e o conteúdo da história de Sergipe também  punha em confronto duas jovens propedêuticas universitárias no Brasil: a introdução à história de Commager e a introdução à história de Marrou. A primeira, chamada em socorro por Acrísio Torres, havia sido traduzida do inglês em 1966. A segunda, francesa, publicada em 1969 e traduzida pelo professor Silvério Fontes, fora, provavelmente, sintetizada do livro Sobre o conhecimento histórico, lançado em 1954.
Ambos os autores foram utilizados tangencialmente, cuidadosamente recortados como munição. Na verdade, nenhum dos dois epistemólogos – nem Commager, nem Marrou – quis dizer apenas aquilo que foi citado na disputa. Marrou não acreditava que a existência de “documentos” fosse condição suficiente para o trabalho do historiador e nem atrelava a idéia de documento ao suporte papel. Ele exigia também a “simpatia” agostiniana do historiador pelo seu objeto. Tanto assim que gastou muita tinta para criticar os conhecidos divulgadores da frase “pas de document, pas de histoire”, C. Langlois e C. Seignobos. Estes, por sua vez, produziram uma definição de “documento” muito mais ampla que a idéia de manuscrito em celulose.
Da mesma forma, o norte-americano Hernry Steel Commager não deu a ênfase sugerida por Acrísio ao atributo da imaginação. É mais preciso dizer que a imaginação tinha um grande peso, junto ao bom senso, integridade e a diligência do profissional de história. Mas, a função da mesma era a de auxiliar  na recriação do passado. Era “um Dom” do historiador, que permitiria fazer “o sangue ferver nas veias dos seus leitores, ou as idéias nas suas cabeças”. (Commager, 1966, p. 58). Na verdade, comparando as duas propedêuticas, é bem capaz de concluirmos que os dois estrangeiros estavam falando a mesma língua.
Bem, mas como terminou essa história? Thétis Nunes disparou a pesquisar sobre a experiência local com uma intensidade não vista no período anterior a esse episódio. Nunca fez um livro didático, como o seu desafiante. Mas, ocupou-se da tarefa de historiar os cinco séculos do passado sergipano, freqüentando arquivos em Portugal, na Bahia e no Rio de Janeiro. Acrísio Torres tornou-se professor da Universidade de Brasília. Nunca fez um livro de síntese baseado no tipo de pesquisa requerido por Thétis Nunes. Mas, disparou a produzir monografias sobre a província, tratando da literatura, história, imprensa sergipana, entre outros temas.
Quanto ao debate de 1973, ficou como um precioso registro das leituras propedêuticas do ofício do historiador universitário, além das outras motivações que ainda estão sendo investigadas. Porém, é bem possível que essa discussão tenha representado um verdadeiro “terremoto de Lisboa” na vida de quem é considerada “a mulher do século XX” em Sergipe. Dizendo de outro modo, não é improvável que a disputa tenha estimulado a professora Thétis a ocupar a maior parte dos seus últimos trinta anos na pesquisa básica sobre a história de Sergipe. Se a assertiva for veraz, nossos agradecimentos a essa oportuna armadilha proporcionada pelo senhor acaso. (Cf. Araújo, 27/05/1973).

Para citar este texto:
FREITAS, Itamar. A “guerra”das propedêuticas e o “terremoto de Lisboa”. A Semana em Foco, Aracaju, p. 6B-6B, 01 fev. 2004.
Este artigo foi publicado no livro Historiografia sergipana.
Para ver sumario desta obra, acesse: < http://itamarfo.blogspot.com/2010/11/historiografia-sergipana.html >.


Fonte da imagen:
Maria Thetis Nunes - www.jornaldacidade.net